Análise do ruído e das poeiras na envolvente de uma pedreira de calcário Pedreira de Sangardão, Condeixa-a-Nova, Portugal

Dissertação de Mestrado em Geociências, Ambiente e Ordenamento, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.O presente trabalho apresenta uma metodologia para avaliar o impacte acústico e a emissão de poeiras numa pedreira e na sua envolvente. Como exemplo aplicou-se o estudo à pedreira de Sangardão, Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, que produz agregados de calcário. Para a realização da análise de ruído e da presença de poeiras foram selecionados 27 locais considerando três situações distintas: zona da pedreira (13), os aglomerados populacionais próximos e envolvente da pedreira (8) e a estrada EN1 que passa junto da pedreira (6). Em cada ponto foram determinados os parâmetros meteorológicos da temperatura e vento (intensidade e direção) que poderão influenciar a propagação das poeiras. Os dias em que os dados foram recolhidos foram casuais, com o intuito de estarem presentes diferentes condições atmosféricas. Os equipamentos utilizados para o registo dos diversos valores foram os seguintes: o sonómetro 2250 Light da Brüel & Kjær para medição de ruído; o equipamento Handheld 3016 IAQ Particle Counter para medição das poeiras; o GPS Garmin Dakota 20 para obter as coordenadas dos pontos; e a estação meteorológica Oregon WMR200 para registo de condições atmosféricas. Da análise dos resultados, em termos do ruído ambiente, considerando que para a área estudada existe uma ausência de classificação eficaz de “zonas sensíveis” e “zonas mistas”, concluímos que o ruído é elevado na área da pedreira (73,14 dB (A)) e na estrada EN1 (71,07 dB (A)). Nos aglomerados populacionais próximos e envolvente da pedreira o ruído ambiente apresenta um valor médio de 58,36 dB (A), estando de acordo com o valor limite legislado (Lden) correspondente a 65 dB (A) se for uma “zona mista” e ultrapassa o limite legislado de 55 dB (A) se for uma “zona sensível”. Em relação ao ruído ocupacional verifica-se que os valores de exposição ao ruído são mais elevados dentro da área da pedreira. Foi feito um estudo preliminar e em média na pedreira os valores de exposição diária ao ruído são (Lex, 8h) de 70,97 dB (A). Segundo a legislação este valor está abaixo do limite, mas é necessário ter em conta que a medição não foi realizada junto dos trabalhadores, pelo que será necessário ter em conta medidas preventivas de redução da exposição ao ruído, pois existem trabalhadores muito expostos que devem utilizar uma proteção auditiva adequada. Na envolvente da pedreira os valores de ruído observados nem sempre estão diretamente relacionados com a atividade da pedreira, mas sim com o tráfego rodoviário da estrada EN1 que lhe é próxima. A média dos valores de exposição diária ao ruído (Lex, 8h) é de 69,46 dB (A). O valor LCpico não ultrapassa os 130,5 dB (C), apresentando por isso um nível de risco reduzido. Relativamente à presença de poeiras, o valor médio obtido foi inferior a 5 mg/m3, valor máximo admissível em partículas respiráveis no ar (0 a 10,0 μm), considerando um teor médio em sílica de 5%. A maior concentração de partículas localiza-se na pedreira com uma concentração média de 0,92 mg/m3. As partículas PM10 são as que apresentam maior concentração com 6,66 mg/m3. Neste local os trabalhadores muito expostos devem usar equipamento de proteção individual. Junto à estrada EN1, a média da concentração de partículas é aproximadamente 0,29 mg/m3. Nas populações mais próximas da pedreira a média da concentração ainda é menor, apresentando um valor de 0,07 mg/m3. Conclui-se que o impacte relativo ao ruído e poeiras está circunscrito ao perímetro da pedreira, não havendo impacte para os aglomerados populacionais na vizinhança. O ruído provocado pela estrada EN1 é o que mais afeta as populações. Em relação às poeiras, nos dias com vento moderado a forte com direção N-S, poderá haver uma maior risco dissipação de poeiras na direção das populações.This article presents a methodology for assessing both the acoustic impact and the dust emission phenomenon in a quarry and its surroundings. The quarry used for this study was Sangardão’s limestone quarry in Condeixa-a-Nova, district of Coimbra. In order to proceed with the analysis of noise and dust presence, 27 (twenty seven) locations where selected bearing in mind three distinct scenarios: quarry’s landsite (13), nearest population agglomerates and quarry surroundings (8) EN1 national roadway network near the quarry’s landsite (6). In each point there were determined the meteorological parameters of temperature and wind (intensity and direction), which, presumably, influence dust propagation. The data was collected on casual days with the purpose of promoting a variety of atmospheric conditions. The gathering and recording of the different values was achieved by using the following equipment: Sound Level Meter 2250 Light from Brüel & Kjær for noise measurement; Handheld 3016 IAQ Particle Counter for dust measurement; Garmin GPS Dakota 20 for point coordinate gathering; the weather station Oregon WMR200 was used as a weather recording. From the results analysis for ambient noise and considering the case study location, there is an absence of accurate classification of “sensitive areas” and “mixed areas” – thereby, we concluded that noise is high in the quarry area (73,14 dB (A)) and in the national road EN1 (71,07 dB (A)). The ambient noise has an average value of 58,36 dB (A) for the nearest population agglomerates and quarry surroundings, which resembles to the legislated threshold (Lden) of 65 dB for “mixed areas” and transcends the legislated threshold of 55 dB (A) for “sensitive areas”. Regarding the occupational noise, we verified that the exposure values to noise are higher inside quarry’s area. It was conducted a preliminary study of noise exposure and, in average, the values of daily exposure to noise are (Lex, 8h) 70,97 dB (A). According to the legislation, this value is below the legislated threshold, although it is necessary to point out that the measurements weren’t taken side-by-side with workers, and there will be necessary to undertake preventive measures to reduce noise exposure – since there are highly exposed workers which should carry adequate hearing protection. As for the quarry surroundings, the noise values observed weren’t always directly related to mining activities, but rather to road traffic from the national road EN1 next to it. The average value of daily exposure (Lex, 8h) is 69,46 dB (A). The LCpico value does not surpass the 130,5 dB (C) presenting, therefore, a reduced level of risk. As a matter of dust presence, the obtained value was under 5 mg/m3, maximum value admissible for breathing airborne particles (0 – 10,0 μm), considering an average content in silica of 5%. The highest particle concentration is located within the quarry and it’s averaged in 0,92 mg/m3. The PM10 particles are the ones which present higher concentration with 6,66 mg/m3. Within this location, workers highly exposed should wear individual protection equipment. Near the roadway EN1, the average particle concentration is about 0,29 mg/m3. In the nearest quarry populations the average concentration is even lower, with a value of 0,07 mg/m3. In conclusion, the impact due to noise and dust is confined to quarry’s perimeter, having no substantial impact on population agglomerate in the neighbourhood. Noise from EN1 national roadway is what most affects population. As for dust, days with moderate wind blowing N-S direction, may imply greater risk of dust dissipation towards population