Estudo de caso de terapia familiar online: Como é que os clientes e os terapeutas percecionam a aliança terapêutica?

Dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da EducaçãoEmbora persistam na literatura dúvidas relativas à eficácia da terapia online, a COVID-19 implicou um incremento na prestação de serviços de saúde mental de forma não presencial. Em particular na terapia familiar e de casal, os terapeutas têm geralmente uma postura de reserva quanto à adequação da terapia online, sobretudo no que se refere ao estabelecimento da aliança terapêutica à distância. O objetivo deste estudo de caso de uma terapia familiar online é avaliar a aliança terapêutica, com base nas perspetivas de clientes e terapeutas, nas primeiras quatro sessões online do processo. Trata-se de uma família composta pela mãe (36 anos), pelo pai (38 anos) e pelos dois filhos (filho com 12 anos; filha com 10 anos), acompanhados por uma equipa constituída por duas coterapeutas e uma terapeuta observadora, todas mulheres, com idades entre os 22 e os 43 anos. A aliança terapêutica foi avaliada no final das primeiras quatro sessões através da aplicação online de um self-report, o System for Observing Family Therapy Alliances- Revised (SOFTA-sR), versão clientes e versão terapeutas. Os dados foram analisados ao nível: a) da comparação entre clientes e terapeutas sobre as dimensões da aliança terapêutica (envolvimento, conexão emocional, segurança e sentimento de partilha de objetivos); b) da evolução das pontuações globais da aliança terapêutica de acordo com a perceção de clientes e terapeutas. Os resultados revelaram que é possível o estabelecimento da aliança terapêutica na terapia familiar online e também que esta é percebida tendencialmente de forma mais favorável pelos terapeutas. Assim, com o presente estudo foi possível verificar no contexto de uma terapia familiar online que a aliança terapêutica pode ser estabelecida, tanto na perspetiva de clientes como de terapeutas, embora se detetem diferenças entre ambos já verificadas nas terapias conjuntas presenciais.Although doubts persist in the literature regarding the effectiveness of online therapy, COVID-19 has meant an increase in the provision of mental health services in a non-face-to-face manner. In family and couple therapy in particular, therapists generally have reservations about the appropriateness of online therapy, particularly with regard to establishing the therapeutic alliance at a distance. The purpose of this case study of online family therapy is to evaluate the therapeutic alliance, based on the perspectives of clients and therapists, in the first four online sessions of the process. This is a family consisting of the mother (36 years old), the father (38 years old) and two children (son 12 years old; daughter 10 years old), accompanied by a team consisting of two co-therapists and an observing therapist, all women, aged between 22 and 43 years old. The therapeutic alliance was evaluated at the end of the first four sessions through the online application of a self-report, the System for Observing Family Therapy Alliances- Revised (SOFTA-sR), client version and therapist version. Data were analyzed in terms of: a) the comparison between clients and therapists on the dimensions of the therapeutic alliance (involvement, emotional connection, safety and feeling of shared goals); b) the evolution of the global scores of the therapeutic alliance according to the perception of clients and therapists. The results revealed that it is possible to establish the therapeutic alliance in online family therapy and also that this is perceived more favorably by therapists. Thus, with the present study, it was possible to verify that, in the context of online family therapy, the therapeutic alliance can be established, both from the clients' and therapists' perspectives, although differences between them were already observed in face-to-face therapy