Cadê a mãe? Ensaio sobre a (in)visibilidade e (des)valorização das Ekedes, Ajoiês, Iarobás e Makotas nas narrativas etnográficas das comunidades de terreiro

Este artigo em formato de ensaio é um trabalho de natureza qualitativa. Nele, para além da análise de narrativas etnográficas que dão conta da patente invisibilidade de gênero, sobretudo no que concerne a um dado segmento do sacerdócio das religiões de matriz africanas vivenciado especificamente por mulheres, traz consigo também um fazer etnográfico, fruto da voz do ator feminino e as suas observações ativas na sua vivência em espaços religiosos de matriz africana de Salvador e da Região Metropolitana. Em linhas gerais, o objeto deste ensaio é tratar a questão de gênero nas Comunidades de Terreiro a partir do questionamento da (in)visibilidade e (des) valorização das Ekedes, Ajoiês, Iarobás e Makotas, em especial nos campos dos estudos afro-brasileiros, um silêncio que desconsidera a importância dessas mulheres na vida e na ação política das comunidades tradicionais de terreiros, algo que transcende o campo religioso e perpassa inclusive o campo da gestão social, algo que transborda para dentro e para fora das suas respectivas comunidades. Dessa maneira, as reflexões buscam inspirar novas investigações e a produção de conteúdo científico que registre e evidencie a importância do reconhecimento do papel dessas mulheres religiosas para suas Comunidades de Terreiro, bem como, para a narrativa nacional afrobrasileira, uma narrativa que se espera, convirja para a construção de uma sociedade mais justa e com iguais oportunidades para todos