Qualidade de vida e ajustamento diádico em mulheres com HPV: um estudo longitudinal

Tese de doutoramento em Psicologia AplicadaO papilomavírus humano (HPV) é uma infeção crónica, sendo os tipos 16 e 18 os mais comuns de alto risco, estando associados ao cancro do colo do útero, enquanto os tipos 6 e 11 são os mais comuns associados a lesões benignas e pré-malignas. A infeção por HPV provoca um impacto negativo na vida da mulher, influenciando a sua qualidade de vida e o ajustamento diádico. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a qualidade de vida e o ajustamento diádico, desde o momento do diagnóstico (T1), seis meses (T2) e doze meses (T3) após. Este trabalho envolveu 209 mulheres com HPV, seguidas na consulta de ginecologia do trato genital inferior de dois hospitais da zona Norte de Portugal. As mulheres com HPV tinham em média 39 anos, eram maioritariamente casadas, com filhos e uma família nuclear. Quanto às características clínicas, o número de mulheres com HPV de alto risco no início do estudo foi de 64.1%, tendo diminuindo ao longo do tempo, enquanto que o número de mulheres com HPV de baixo risco (35.9%) aumentou ao longo do tempo. O estudo 1 avaliou a qualidade de vida (geral e subescalas) e revelou que esta aumentou ao longo do tempo e que o tipo de HPV exerceu um efeito mais forte e negativo na qualidade de vida das mulheres com HPV de alto risco e com uma maior duração do diagnóstico. Tendo em conta as subescalas, verificámos ao nível dos problemas/preocupações uma diminuição ao longo do tempo, exceto nas mulheres com HPV de alto risco e longa duração; ao nível do impacto sexual, as mulheres mais velhas apresentaram maior impacto; ao nível das preocupações sobre o tratamento futuro/transmissão verificou-se uma diminuição ao longo do tempo. Contudo, verificou-se uma tendência para as mulheres mais velhas que usavam preservativo e tinham filhos apresentarem menos preocupações e emoções negativas, enquanto que as que viviam em famílias reconstruídas mostraram um aumento das preocupações; as emoções positivas diminuíram quando o HPV era de alto risco e com longa duração; ao nível do impacto emocional, as mulheres com HPV de alto risco foram as que manifestaram um aumento no impacto emocional; as emoções negativas aumentaram nas mulheres com HPV independentemente do risco e duração. O estudo 2 avaliou a relação causal entre o ajustamento diádico e satisfação sexual ao longo do tempo, tendo os resultados revelado que o ajustamento diádico levou a uma redução na insatisfação sexual nas mulheres com HPV, apesar de o inverso não se ter verificado. A idade exerceu maior influência na satisfação sexual na fase 1 e o tipo do HPV exerceu uma maior influência no ajustamento diádico na fase 2. Por fim, são propostas sugestões para investigações futuras e descritas implicações para a prática clínica baseadas nos resultados obtidos.Human papillomavirus (HPV) is a chronic infection, with types HPV 16 and 18 being the most common and higher risk associated with cervical cancer (CC), while types 6 and 11 are the most common associated with benign and pre-malignant lesions. HPV infection causes a negative impact on a woman's life, influencing her quality of life and dyadic adjustment. The goal of this study was to assess quality of life and dyadic adjustment, from the moment of diagnosis (T1); six months (T2) and twelve months (T3) after. This study included 209 women with HPV, followed at the gynecology consultation of the lower genital tract, from two hospitals in the Northern region of Portugal. Women with HPV had on average 39 years old, were mostly married, with children and had a nuclear family. Regarding the clinical characteristics, the number of women with high-risk HPV, at the beginning of the study, was 64.1%, which decreased over time, while the number of women with low-risk HPV (35.9%), which increased over time. Study 1 assessed the quality of life (overall and subscales) and showed an increase over time and that HPV type had a stronger and more negative effect on the quality of life of women with high-risk HPV and with a longer duration of diagnosis. Taking into account the subscales, the results showed a decrease on problems/concerns over time, except in those with high risk HPV; regarding concerns about future treatment /transmission, there was a decline over time, but a tendency for older women that used a condom and had children to haveless concerns and those living in reconstructed families, an increase in concerns; regarding positive emotions, there was a decrease when the HPV was high-risk and longer duration; regarding the emotional impact, women with high-risk HPV showed an increase on emotional impact; regarding negative emotions there was an increase for women with high and low risk HPV, and short or long HPV duration term. Study 2 assessed the causal relationship between dyadic adjustment and sexual satisfaction and the results revealed that dyadic adjustment was able to reduce sexual dissatisfaction in women with HPV but the reverse was not found. Age had a greater influence on sexual satisfaction, in the phase 1 and the type of HPV had a greater influence on the dyadic adjustment, in phase 2. Finally, suggestions are made for future research and for implications regarding clinical practice, based on the results