Efeito anti-inflamatório e antinociceptivo de diferentes extratos de Capsicum baccarum L. var. pendulum (Willd.) Eshbaugh (Solanaceae)

Capsicum baccatum L. var. pendulum conhecida popularmente como pimenta dedode-moça é uma das espécies de pimenta mais consumida no Brasil. Contudo há poucos relatos na literatura científica sobre as suas propriedades farmacológicas, principalmente anti-inflamatória e antinociceptiva. Este trabalho teve como objetivo investigar os efeitos anti-inflamatórios e antinociceptivos de extratos provenientes do fruto de C. baccatum, utilizando modelos in vivo em camundongos e in vitro em cultura de macrófagos. Verificou-se que todos os extratos de C. baccatum (etanólico, diclorometano, butanólico e aquoso) apresentaram atividade anti-inflamatória in vivo, através da redução da migração de leucócitos totais e neutrófilos para a cavidade peritoneal em camundongos inoculados com carragenina. Além disso, os extratos inibiram a resposta edematogênica induzida por carragenina, prostaglandina E2 e histamina em patas de camundongos. A atividade da mieloperoxidase (MPO) também foi reduzida pelos extratos em tecido de patas injetadas com carragenina. Também, o efeito antinociceptivo do extrato diclorometano foi demonstrado através dos modelos de nocicepção induzida por ácido acético, formalina e hiperalgesia térmica induzida pela carragenina. A inibição de alguns mediadores inflamatórios, como o óxido nítrico e TNF-α também foi demonstrada pelos extratos de C. baccatum, in vitro em cultura de macrófagos peritoneais e de linhagem RAW 264.7 estimulados com carragenina, LPS e TNF-α ou LPS e IFN-γ Em resumo, os resultados obtidos no presente estudo demonstraram que todos os extratos de C. baccatum inibiram a resposta inflamatória in vivo através da redução da migração de neutrófilos e da formação de edema. Estes efeitos podem ser em parte, pela inibição de mediadores pró-inflamatórios como PGE2 e histamina no sítio inflamatório, bem como pela inibição da produção de TNF-α e óxido nítrico por macrófagos. Além disso, a atividade antinociceptiva demonstrada pelo extrato diclorometano acreditase ser mediada em nível periférico e central. Considerando-se o amplo uso desta planta no Brasil e em outros países e os efeitos anti-inflamatórios e antinociceptivos demonstrados neste estudo, sugere-se potencial uso terapêutico de C. baccatum.Capsicum baccatum L. var. pendulum, popularly known as pepper finger-girl is one of the most consumed pepper species in Brazil, however, its pharmacological properties mainly anti-inflammatory and anti-nociceptive have not been fully characterized yet. This study aimed to investigate the anti-inflammatory and antinociceptive effects of extracts derived from the fruits of C. baccatum, using in vivo models in mice and in vitro in macrophages cultures. It was found that all C. baccatum extracts (ethanol, dichloromethane, butanolic and aqueous) showed antiinflammatory activity by reducing of the total leukocytes and neutrophils migration into the peritoneal cavity of mice inoculated with carrageenan. Moreover, the extracts inhibited the edematogenic response induced by carrageenan, histamine and prostaglandin E2 in mice paws. The myeloperoxidase activity (MPO) also was reduced by extracts in tissue of paws injected with carrageenan. Furthermore, the antinociceptive effect of the dichloromethane extract was demonstrated by nociception models induced by acetic acid, formalin and carrageenan-induced thermal hyperalgesia. The inhibition of some inflammatory mediators such as nitric oxide and TNF-α was also demonstrated by C. baccatum extracts in cultures of peritoneal macrophage and RAW 264.7 line stimulated with carrageenan, LPS and IFN-γ. In summary, the results obtained in this study demonstrated that all extracts of C. baccatum inhibited the inflammatory response in vivo by reducing neutrophil migration and edema formation. These effects may be partly due to inhibition of proinflammatory mediators such as histamine and PGE2 to the inflammatory site as well as by inhibition of TNF-α and nitric oxide production by macrophages. Moreover, the antinociceptive activity demonstrated by dichloromethane extract is believed to be mediated by both peripheral and central level. Considering the widespread use of this plant in the world and the anti-inflammatory and antinociceptive effects demonstrated in this study suggests the potential therapeutic use of C. baccatum