CARACTERIZAÇÃO DE MOLÉCULAS DE ADESÃO DOS RETICULÓCITOS DE PACIENTES COM DOENÇA FALCIFORME

A doença falciforme (DF) origina-se de uma única mutação em um único gene da hemoglobina que gera a variante hemoglobina S (Hb S) no interior das hemácias. Indivíduos acometidos pela DF exibem grande variedade de manifestações clínicas, dentre elas os eventos vaso-oclusivos que apresentam grande importância. Essa hemoglobina sofre polimerização quando desoxigenada, se tornando capaz de causar alterações nas hemácias, que atuam como alicerce de eventos vaso-oclusivos (VOC). A adesão anormal dessas células ao endotélio tem uma participação especial dos reticulócitos, os quais são células imaturas. Diferentes moléculas de adesão já foram descritas nesse fenômeno, assim como as integrinas α4β1 e α5β1. A molécula α4β1 apresenta expressão aumentada em reticulócitos na DF, enquanto os trabalhos sobre α5β1 ainda são contraditórios. Além disso, outra molécula conhecida como CD44 tem demonstrado importância no contexto, embora poucas alterações em sua expressão tenham sido descritas até o momento. O objetivo deste trabalho foi avaliar a expressão das moléculas de adesão α4β1, α5β1 e CD44 na superfície de reticulócitos no sangue periférico de pacientes com doença falciforme. Com essa finalidade, analisamos o sangue de pacientes com doença falciforme atendidos no Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ, em comparação com o grupo controle (CEP-UERJ 455.394). O material biológico foi utilizado para execução do hemograma no equipamento Horiba Pentra 60 ES, detecção das hemoglobinas por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) (VARIANT Bio-Rad) e finalmente a avaliação da presença das moléculas de adesão por citometria de fluxo (CyAn ™ADP High-Performance Flow Cytometer - DakoCytomation). Primeiramente, os pacientes tiveram a confirmação de seu estado de anemia e presença da HbS. Em seguida, observamos que ambos os grupos, DF e controle, apresentavam expressão da cadeia α4 e α5 de integrina assim como da molécula CD44. A porcentagem de reticulócitos positivos apresentou-se elevada em pelo menos 6 e 8 vezes no grupo de pacientes para α4 e CD44, respectivamente. Além disso, os reticulócitos dos pacientes apresentaram um aumento de 0,4 vezes nos níveis de expressão de CD44 e de 0,6 vezes nos níveis de expressão da cadeia α4 quando comparados aos reticulócitos do grupo controle. Concluímos que um maior número de reticulócitos de pacientes com a DF expressa um número maior de moléculas de adesão como α4 e CD44 em sua superfície, podendo assim contribuir para o processo de adesão ao endotélio levando ao VOC