A recepção dos clássicos no Discurso sobre a vida e morte de Santa Isabel de Portugal de Vasco Mouzinho de Quevedo Castelbranco

Poeta do final do século XVI e início do XVII, aluno da Universidade de Coimbra, Vasco Mouzinho de Quevedo Castelbranco foi autor de um poema heróico em seis cantos em que relata a vida da Rainha Santa Isabel. Face a um autor que fez os seus estudos na Universidade de Coimbra, é inevitável a tentação de associar este poema à produção poética em latim sobre o mesmo tema incentivada pelos mestres jesuítas nas classes de humanidades e retórica no Colégio das Artes. Era esta uma prática muito comum e enraizada neste colégio, logo a partir dos primeiros anos da sua existência sob direcção jesuítica e que se prolongou no tempo bem depois da canonização da rainha em 1625, com produções literárias de vários tipos, em português, latim ou noutra língua. Nesta análise veremos como o autor recorre aos poetas clássicos, como Horácio e Vergílio, na composição da sua obra, segundo processos que poderão coadunar-se com os preceitos recomendados pelas escolas ligadas à Companhia de Jesus que, para muitos, funcionavam como escolas preparatórias para a Universidade.