Chorar muito e bem. Educação e sentimentalismo

Esta tese tem por objectivo oferecer uma visão mais optimista e intuitiva sobre as categorias literárias do sentimentalismo e do melodrama que, embora sejam habitualmente tidas como supérfluas ou menores, descrevem ainda assim uma boa parte da literatura para crianças. O que irei defender é que a persistência aparentemente contraditória destas duas formas não é somente uma expressão de Schadenfreude, mas um sintoma da crença generalizada numa educação para a compaixão, e um modo de cultivar o sentido de empatia que, nesta acepção, poderá ser descrita como uma educação sentimental. Para tal, irei demonstrar que o carácter hiperbólico e emotivo do sentimentalismo e do melodrama corresponde a um gesto deliberado de transmitir às crianças imagens que estas compreendam, e cuja função é inspirar preocupação pelo sofrimento alheio. Além disto, farei uma análise de outras vantagens do desenvolvimento deste tipo de sensibilidade. À luz de uma perspectiva renovada sobre o sentimentalismo e o melodrama, pretendo argumentar que a familiariedade e interacção com estas categorias durante a infância não deve ser censurada e muito menos desvalorizada.This dissertation intends to offer a more optimistic and intuitive insight on certain literary categories otherwise deemed as either superfluous or worthless. Despite their bad reputation, sentimentalism and melodrama are pervasive categories in children’s literature. I intend to show that this seemingly paradoxical prevalence is not simply an expression of deep-seated schadenfreude but a symptom of a common belief in an education for compassion and sympathy; this I call sentimental education. If so, the hyperbolic and emotionally charged aspects of sentimentalism and melodrama can correspond to particular means of conveying images to children, whose purpose is to inspire awareness and concern for others’ suffering. Furthermore, I will discuss additional benefits of the development of this kind of sensibility. From a renewed perspective on sentimentalism and melodrama, I will then argue that familiarity and interaction with these categories, namely during childhood, should not be reproached or underestimated