PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ/CE ENTRE OS ANOS DE 2011 E 2016

Animais peçonhentos caracterizam-se por produzir peçonha em um órgão secretor e por possuírem uma ferramenta capaz de inocular essa substância na presa ou predador. No Brasil, os acidentes com animais peçonhentos constituem um problema de Saúde Pública, principalmente em municípios do interior do país, podendo ser ocasionados por serpentes, escorpiões, aranhas, lepidópteros, entre outros. A Organização Mundial da Saúde incluiu os acidentes ofídicos na lista de doenças tropicais negligenciadas, que acometem principalmente populações carentes residentes em área rural. Assim, o objetivo do presente estudo é descrever o perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos ocorridos no município de Quixadá – CE entre os anos de 2011 e 2016. Foi realizado um estudo transversal descritivo, retrospectivo, clínico e epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos notificados entre os anos de 2011 e 2016 ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). No período analisado foram registrados 125 acidentes ocasionados por animais peçonhentos. Destes, 76 (60,8%) ocasionados por serpentes, 34 (27,2%) por escorpiões, 5 (4%) por abelhas, 4 (3,2%) por aranhas, 1 (0,8%) por lagartas e 5 (4%) casos foram ignorados ou deixados branco. A maioria dos acidentes com serpentes foram ocasionados pelo gênero Bothrops (72,3%), Crotalus e Lachesis (1,3% cada). Em 22,3% dos acidentes com serpentes as espécies foram ignoradas. Entre os acidentados, constatou-se o predomínio de indivíduos do sexo masculino (65,6%), na faixa etária dos 20 aos 39 anos (20%). Prevaleceram os indivíduos de raça parda (71,2%), destacando que a escolaridade foi ignorada em 90,4% dos casos. Predominaram os acidentes de classificação final leve (65,6%), com todos os casos graves causados por escorpiões (0,8%). O tempo médio entre a picada e o atendimento foi de 1 a 3 horas, com evolução clínica para cura em 76,8% dos casos. Houve apenas um caso (0,8%) em que o paciente veio a óbito devido ao agravo notificado. Nas demais ocorrências (22,4%), a evolução do caso foi deixada em branco ou ignorada. Tendo em vista os dados supracitados, é de vital importância a disseminação de informações acerca dos riscos advindos de animais peçonhentos. Embora não tão comuns, os acidentes causados pela inoculação das toxinas desses animais podem apresentar perigos àqueles expostos, principalmente em casos de primeiros socorros errôneos ou tardios. Ademais, ressalta-se a importância da notificação desses acidentes, evitando a subnotificação dos casos e promovendo melhor atuação do setor epidemiológico na implementação de estratégias em saúde que venham a minimizar o registro desses agravos no município