A masculinização da mulher líder no Brasil: quatro estudos sobre estereótipos de gênero e protótipos de liderança

The entry of women into the labor market has generated a series of changes in organizations, however, the careers of women executives still differ in relation to the career of his fellow men. This disparity may result from an inconsistency between the social role of women and the role expected of a leader. However, this phenomenon appears is undergoing change, given the empowerment of women in both the corporate and political landscape. In this sense, the problem arises from this research: what is the actual behavior of women to assume leadership roles? The theoretical framework surrounding this research involves the theory of social role (Eagly, 1987), which postulates that each individual has a role in normal society, which includes the role of leader, formed through prototypes or how it should behave , as well as gender roles, which included the socially accepted behavior for men and women. In this direction, to make the comparison of expected social roles of both sexes and the roles required to lead is to the theory of congruence of roles (Eagly and Karau, 2002). Given this theoretical framework, to meet the objective of this research are conducted four studies using qualitative methodologies, experimental and quantitative. In the first study, we tested the relationship between leader and sex of the dimensions of the prototype agents and community leadership through content analysis of descriptions of women and men leaders. In the second study, is tested through an experiment, the congruence of the evaluation of male and female leaders with the agents and communal behavior. In the third study examines four leadership profiles and how these are linked to each other from data collected through structured questionnaires. It analyzes the general characteristics of the leader and effective leader with the characteristics of the leading male and female leader. These tests are also carried out considering the sexual profile of the respondent (BEM, 1974). Finally, the fourth study are analyzed in-depth interviews to identify how they occur and what causes these events mentioned above. The results showed that by taking a leadership role, women tend to assume characteristics of the prototype agents of leadership (such as strength, masculinity and tyranny), or tends to masculinize to be accepted by others. The results also show few differences between men and women leaders, which supports the first conclusion. On the other hand, the communal characteristics of the leader (and sensitivity) have emerged as the most critical for the acceptance of the leader by subordinates, but not for its effectiveness. Thus, this paper seeks to contribute to better understand the phenomenon of female leadership, shedding light on possible inconsistencies between management and the social roles of women in contemporary Brazilian society.A entrada da mulher no mercado de trabalho gerou uma série de mudanças nas organizações, entretanto, a carreira da mulher executiva ainda apresenta disparidades em relação à carreira dos seus colegas homens. Essa disparidade pode decorrer da incongruência entre o papel social da mulher e o papel esperado de um líder. No entanto, este fenômeno parece está passando por mudanças, dado o empowerment das mulheres tanto no cenário corporativo como político. Neste sentido, surge a problemática desta pesquisa: qual o real comportamento da mulher ao assumir papeis de liderança? O quadro teórico que cerca esta pesquisa envolve a teoria do papel social (EAGLY, 1987), que postula que cada indivíduo tem um papel socialmente aceito, no qual se inclui o papel de líder, formado através de protótipos de como deve ou deveria se comportar, e também papeis gênero, no qual são definidos os comportamentos socialmente aceitos para homens e para mulheres. Nesta direção, para fazer a comparação dos papeis socialmente esperados de ambos os sexos e os papeis requeridos ao líder é utilizada a teoria de congruência de papeis (EAGLY e KARAU, 2002). Dado este quadro teórico, para atender ao objetivo desta pesquisa, são realizados quatro estudos que utilizam metodologias qualitativas, experimentais e quantitativas. No primeiro estudo, são testadas as relações entre sexo do líder e as dimensões agênticas e comunais do protótipo de liderança por meio de análise de conteúdo de descrições de mulheres e homens líderes. Já no segundo estudo, é testada, por meio de um experimento, a congruência da avaliação de líderes masculino e feminino com o comportamento agêntico e comunal. No terceiro estudo, são examinados quatro perfis de liderança e como estes estão associados entre si a partir de dados coletados por meio de questionários estruturados. São analisadas as características do líder em geral e do líder eficaz com as características do líder masculino e da líder feminina. Estas análises também são realizadas considerando o perfil sexual do respondente (BEM, 1974). Por fim, no quarto estudo são analisadas entrevistas em profundidade a fim de identificar como ocorrem e quais as causas destes acontecimentos supracitados. Os resultados demonstraram que ao assumir um papel de liderança, a mulher tende a assumir características agênticas do protótipo de liderança (como força, masculinidade e tirania), ou seja, tende a masculinizar-se para ser aceita pelas outras pessoas. Os resultados revelam também poucas diferenças entre os líderes homens e mulheres, o que corrobora a primeira conclusão. Por outro lado, as características comunais do líder (como sensibilidade) revelam-se como as mais críticas para a aceitação do líder pelos seus subordinados, mas não para a sua eficácia. Dessa forma, este trabalho busca contribuir para compreender melhor o fenômeno da liderança feminina, lançando luz sobre as eventuais incongruências entre os papeis sociais e gerenciais da mulher na sociedade brasileira contemporânea