Reocupação de vazios urbanos como estratégia para cidades (mais) sustentáveis: um olhar sobre a cidade do Rio de Janeiro

Partindo da premissa de que a reocupação de vazios urbanos edificados, especialmente os imóveis históricos, é positiva para promover a sustentabilidade as cidades, este trabalho se debruçou sobre as zonas centrais da cidade do Rio de Janeiro para mapear as áreas prioritárias para ações de reabilitação urbana. Vazios urbanos são espaços desprovidos de função e significado no interior das cidades, e são, na maior parte das vezes, consequência de processos de decadência econômica ou remanescentes de grandes intervenções de reforma urbana. Num mundo cada vez mais urbano, a manutenção de áreas desocupadas em regiões providas de boa infraestrutura e próximas de oportunidades de emprego implica em uma série de impactos negativos à sustentabilidade das cidades. Muitos desses imóveis vazios ou subutilizados compõem o patrimônio cultural edificado, cuja preservação também se vincula à sustentabilidade. O primeiro passo para responder à questão de pesquisa foi investigar as relações existentes entre imóveis vazios, edifícios protegidos e indicadores socioeconômicos, tendo sido encontradas fortes correlações entre os estabelecimentos abandonados e os imóveis protegidos, e entre os fatores renda, valor do aluguel e distância até o centro. A identificação das áreas prioritárias foi realizada por meio de análises espaciais aplicando-se a metodologia AHP a dados georreferenciados em uma aplicação de GIS. Ao fim do trabalho, verificou-se que muitas das áreas prioritárias se encontram em regiões que já foram ou ainda são objeto de políticas descoordenadas de preservação patrimônio ou de fomento econômico, concluindo-se pela necessidade de desenvolver ações articuladas e multidisciplinares, para o que são tecidas recomendações.Based on the premise that the reoccupation of built-up urban voids, especially historic buildings, is positive for promoting sustainability in cities, this work focused on the central zones of the city of Rio de Janeiro to map the priority areas for urban rehabilitation actions. Urban voids can be understood as spaces devoid of function and meaning within cities, and are, in most cases, the result of economic decay processes or remnants of major urban interventions. In an increasingly urban world, maintaining unoccupied areas in regions with good infrastructure and close to job opportunities implies a series of negative impacts on the sustainability of cities. Many of these empty or underutilized properties make up the built cultural heritage, whose preservation is also linked to sustainability. The first step in answering the research question was to investigate the existing relationships between vacant properties, historic buildings and socioeconomic indicators, with strong correlations found between abandoned commercial properties and historic buildings, and among income, rent value and distance to the city center. The identification of priority areas was carried out through spatial analysis applying the AHP methodology to spatial data in a GIS application. The results found indicated that many of the priority areas are located in regions that have been or still are the subject of uncoordinated policies for heritage preservation or economic development, leading to the need to develop articulated and multidisciplinary intervention policies, for which recommendations are made