A conceituação clássica da antropologia estabelece uma dicotomia entre natureza e cultura, o primado do que está posto e a intervenção humana, o campo do acaso e da ordem, o espaço da liberdade e da invenção. Essa dualidade de níveis pressupõe um corte metodológico que não necessariamente se perfaz nas práticas cotidianas, em que a oposição perde parte de sua contundência, de rigidez de limites para cair no terreno das fronteiras que se dilatam, dos campos que se interpenetram. Em Antonio Gonçalves da Silva, natureza não é apenas um jardim ou a ordem do que está ao nosso redor e onde nos inserimos. Neste sentido, seu discurso é ecológico "avant Ia lettre", ao propor a fusão do homem com a natureza, a integração de duas orden...