Foreign Language Teaching, Countryside Education and Critical Literacies: weaving dialogues

O modelo de desenvolvimento econômico adotado no Brasil desde a sua constituição enquanto nação privilegia o urbano em detrimento do rural, gerando disparidades socioeconômicas entre estes dois tipos de territórios. Inserido no contexto político da reforma agrária, surgiu no final da década de 90 o movimento pela Educação do Campo, propondo reconfigurar o projeto educacional das escolas localizadas no meio rural. Nesta pesquisa de abordagem qualitativa-interventiva de cunho etnográfico, busca-se analisar e discutir as possíveis contribuições e/ou desafios do ensino e aprendizagem de língua estrangeira sob a perspectiva teórica dos estudos de letramentos (Novos Letramentos, Multiletramentos e Letramento Crítico) para a Educação do Campo. Com este objetivo, foi realizada uma pesquisa de campo em uma escola pública de ensino fundamental, localizada no Vale do Jequitinhonha, região situada no nordeste do estado de Minas Gerais, e que teve início com observações de aulas de inglês nas turmas do Ensino Fundamental 2, seguidas de discussões com o professor-colaborador. Em um segundo momento, a partir dos dados gerados na primeira etapa, foi elaborada e implementada uma proposta interventiva crítica nas turmas observadas, que apresentou como eixo central a problematização de questões relacionadas ao contexto sociocultural local. A análise do material resultante desse processo revela que a ação pedagógica de intervenção promovida na segunda parte da pesquisa está em consonância com princípios teórico-metodológicos da Educação do Campo, uma vez que propiciou espaços para o desenvolvimento da reflexão crítica e da agência dos estudantes. Observou-se a desconstrução de discursos homogeneizantes e discriminatórios sobre a língua inglesa e sua aprendizagem, observados na primeira fase da pesquisa, como também sobre questões sociais, culturais, ambientais, étnico-raciais e de gênero, o que evidencia o deslocamento de práticas discursivas dos sujeitos participantes. Entre os desafios para o desenvolvimento de um trabalho educativo crítico de tal natureza, destacaram-se: a visão utilitarista ainda predominante sobre o ensino da língua inglesa; a escassez de recursos didáticos e tecnológicos das escolas do meio rural e a ausência de formação inicial e continuada de professores na área de língua estrangeira no contexto da Educação do Campo.The economic development model adopted in Brazil since its constitution as a nation privileges the urban over the rural, generating socioeconomic disparities between these two types of territories. Inserted in the political context of agrarian reform, the movement for Countryside Education arose in the late 90s, proposing reconfigurations in the educational project of schools located in rural areas. In this qualitative intervention ethnographic study, we seek to analyze and discuss the possible contributions and/or challenges of foreign language teaching and learning from the theoretical perspective of literacies studies (New Literacies, Multiliteracies and Critical Literacy) for Countryside Education. A field research was carried out at a public elementary school, located in the Jequitinhonha Valley, a region in the northeast of the state of Minas Gerais. The research started with the observation of English classes in the Elementary School 2, followed by discussions with the collaborating teacher. Secondly, from the data generated in the first stage, a critical intervention proposal was elaborated and implemented in the classes of the observed groups, which presented the problematization of issues related to the local socio-cultural context as a central axis. The analysis of the material resulting from this process reveals that the promoted pedagogical intervention action, promoted in the second stage of the research, is in line with the theoretical and methodological principles of Countryside Education, since it provided spaces for the development of critical reflection and students\' agency. It was observed that homogenizing and discriminatory discourses on the English language and its learning, observed in the first stage of the research, as well as on social, cultural, environmental, ethnic-racial and gender issues, were deconstructed, which evidences the displacement of discursive practices of the participating subjects. Challenges for the development of such critical educational work included: the still prevailing utilitarian view of English language teaching; the scarcity of didactic and technological resources in schools situated in rural areas and the absence of pre-service and in-service education for foreign language teachers in the context of Countryside Education