Representações sociais da profissão docente : uma análise de comunicações entre professores (as) da rede social Facebook

CNPqEsta pesquisa tem como objetivo geral analisar as representações sociais da profissão docente construídas por professores e veiculadas na rede social Facebook. O estudo toma como foco analítico as comunicações em torno profissão contidas nos diversos materiais compartilhados entre docentes nessa rede, que é amplamente utilizada como espaço de diálogo e interação entre pessoas. Adotamos como referencial a Teoria das Representações Sociais (TRS) na proposta original de Moscovici (1978; 1993; 2012) e Jodelet (2001). Representações sociais são conhecimentos construídos no cotidiano, que orientam as práticas e as condutas dos sujeitos. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, delineado como pesquisa documental. Elegemos para análise a rede social Facebook. Dessa rede foram selecionadas e analisadas como documentos cinco páginas, a saber: Profissão Professor; Profissão=Professora; Professor por Vocação; Pedagogia por Amor; e Professores Sofredores. Analisamos à luz da TRS um total de 24 imagens e 94 comentários publicados por professores nessas páginas. O material foi analisado utilizando-se a técnica da análise de conteúdo categorial de L. Bardin (2016). Os resultados foram organizados em três categorias: Referências à escolha profissional e função do professor; Rotinas da prática docente; e Desvalorização e precarização da docência. Estas categorias estão desdobradas em subcategorias e no conjunto expressam representações sociais da profissão docente marcadas por sentimentos mistos. Há indicações favoráveis à profissão como capaz de operar mudanças e com potencial para provocar impactos sociais. De acordo com as publicações, trata-se de uma profissão que lida principalmente com crianças, das quais os professores devem reconhecer suas necessidades de aprendizagem e desenvolver práticas (algumas inspiradas em seus bons professores) em parceria com suas famílias. Os professores revelam satisfação pelas possibilidades que a docência enseja e, ao mesmo tempo, sua impotência quando destacam os limites de ordem institucional enfrentados no dia a dia da profissão. Eles vivenciam limitações materiais e didáticas nas escolas e muitas vezes precisam trabalhar na base do improviso. Ao se referirem à rotina de sala de aula manifestaram posições controversas para com a relação professor-aluno e o dever de casa em suas práticas. Nessas representações sociais, ganharam relevo elementos que denunciam as condições de trabalho da profissão docente: excesso de trabalho, múltiplas exigências por parte das escolas e sistemas, declínio da autoridade do professor em sala de aula, adoecimento e desencanto profissional. Os achados indicam que as representações sociais da profissão docente veiculadas no Facebook articulam potencialidades e limites da atuação do professor. Os elementos que comprometem o trabalho docente explicitados neste trabalho são indicativos de que não devemos culpabilizar unicamente o docente pelos problemas educacionais. Quando agimos dessa forma estamos ignorando os variados obstáculos interpostos ao exercício da profissão na atualidade.This research has as general objective to analyze the social representations of the teaching profession built by teachers and transmitted in the social network Facebook. The study takes as an analytical focus the communications around the profession contained in the various materials shared between teachers in this network, which is widely used as a space for dialogue and interaction between people. We adopted as reference the Theory of Social Representations (TRS) in the original proposal of Moscovici (1978, 1993, 2012) and Jodelet (2001). Social representations are knowledge built in the daily, that guide the practices and behaviors of the subjects. This is a qualitative study, outlined as documentary research. We chose to analyze the social network Facebook. From this network were selected and analyzed as documents five pages, namely: Profissão Professor; Profissão=Professora; Professor por Vocação; Pedagogia por Amor; and Professores Sofredores. We analyzed in the light of the TRS a total of 24 images and 94 comments published by teachers on these pages. The material was analyzed using the categorical content analysis technique of L. Bardin (2016). The results were organized into three categories: References to professional choice and teacher function; Routines of teaching practice; and Devaluation and precariousness of teaching. These categories are subdivided into subcategories and in the set express social representations of the teaching profession marked by mixed feelings. There are indications favorable to the profession as capable of operating change and with potential to provoke social impacts. According to publications, it is a profession that deals primarily with children, from which teachers must recognize their learning needs and develop practices (some inspired by their good teachers) in partnership with their families. The professors show satisfaction for the possibilities that teaching entails and, at the same time, their impotence when they highlight the limits of institutional order faced in the day to day of the profession. They experience material and didactic limitations in schools and often need to work on the basis of improvisation. When referring to the classroom routine, they expressed controversial positions regarding the teacher-student relationship and homework in their practices. In these social representations, elements that denounce the working conditions of the teaching profession have been highlighted: Overwork, multiple demands by schools and systems, decline of teacher authority in the classroom, sickness and professional disenchantment. The findings indicate that the social representations of the teaching profession carried out on Facebook articulate the potentialities and limits of the teacher's performance. The elements that compromise the teaching work explained in this paper are indicative that we should not only blame the teacher for the educational problems. When we act in this way we are ignoring the various obstacles placed in the practice of the profession today