O objetivo deste trabalho é investigar a questão da pintura na filosofia de Merleau-Ponty. Inicialmente inscrita nos quadros de uma filosofia da existência, e depois, com maior destaque, nos quadros de uma ontologia. A questão da arte, particularmente a pintura, surge como meio privilegiado de investigação das nossas relações mais surdas e secretas com o Ser, ou com isso que Merleau-Ponty chamava de camada pré-reflexiva de sentido de mundo, anterior às teses de nossa linguagem. Isso porque a atividade da pintura revela os meios da visibilidade, que nosso olhar cotidiano deixa para trás e esquece a favor do mundo constituído culturalmente. Ou seja, habitamos um mundo que esquece suas premissas, e a tarefa do pintor, especialmente a de Cézann...