Construindo relações de inclusão/exclusão na sala de aula de química: histórias sociais e singulares

Esse trabalho é fruto de pesquisa realizada nos anos 2000 e 2001, em salas de aula de química, em uma escola federal e em uma escola particular, do ensino médio. Nosso interesse esteve voltado para compreender as relações de inclusão/exclusão que marcam os processos de ensino-aprendizagem de estudantes do Ensino Médio relativos aos conhecimentos químicos. É uma pesquisa que analisa processos de construção de sentidos, do aprender na escola, do aprender química na escola por parte dos estudantes, analisa, portanto histórias de inclusão e exclusão construídas nas interações e ações das salas de aula de química. Dois foram os potenciais de inclusão/exclusão nas duas salas de aulas, tais como: o que contou como conhecimento químico e a proposta pedagógica que envolveu falar com e sobre a química e a organização das salas em pequenos grupos. A organização das salas em pequenos grupos de trabalho mostrou ser o fator de inclusão mais forte do ponto de vista dos estudantes, ou seja, o aspecto da proposta pedagógica que realmente transformou-se num fator inclusivo de todos os alunos das duas salas. Essa pesquisa trouxe o tema da inclusão junto com o da exclusão por considerarmos que são temas pertencentes aos dois lados de uma mesma moeda. Além disso, não tratamos a inclusão abstratamente, mas, como histórias de inclusão e de exclusão, trazendo as histórias escolares de nove estudantes pertencentes às salas de aulas de química das duas escolas pesquisadas. Trabalhamos, então, considerando as singularidades de cada um dos nove estudantes, singularidades que foram construídas nos grupos sociais aos quais os alunos pertencem considerando-se o gênero, a etnia/raça, a classe social e as histórias escolares de cada um deles. Fizemos quadros contrastivos entre pares de estudantes com base nos dados colhidos por meio de entrevistas, questionários e interações e ações das salas de aulas e pudemos concluir que isoladamente, nem o gênero, nem a etnia/raça, a classe social e as histórias escolares explicaram os processos de inclusão/exclusão. Existem questões relativas às singularidades dos sujeitos da pesquisa que ainda necessitam ser melhor compreendidas por nós, pesquisadores em educação.This paper results from the research carried out in Chemistry classes in two groups, one in a federal and the other in a private secondary school during 2000 and 2001. Our aim was to understand the inclusion/exclusion relation which occurred in learning teaching processes in secondary school Chemistry classes. It analyzes processes through which students make meaning and learn in school and in Chemistry classes. It therefore analyzes inclusion and exclusion stories constructed in Chemistry classes interaction and actions. There were two inclusion/exclusion potentials in the two classrooms: what counted as Chemistry knowledge and what counted as a pedagogical proposal. The pedagogical proposal was based on students´ being organized in small groups so that they could talk to and about Chemistry under teachers´ coordination. Organization in small groups proved to be the strongest inclusion factor from the students´ point of view, i. e., the pedagogical feature which most included all the students in both classrooms. This research discusses both inclusion and exclusion because we regard them as two sides of the same coin. In addition, inclusion is not dealt with abstractly, but as inclusion and exclusion stories, through nine Chemistry students´ school anecdotes. Students´ peculiarities, constructed in the group, were taken into account. Gender, ethnicity / race, social class and school stories were also considered. Contrastive tables between pairs of students were made based on the data collected through interviews, questionnaires, classroom interactions and actions. There were no conclusions that either gender, ethnicity/race, social class or school history alone could explain inclusion/exclusion processes. Issues related to peculiarities of research subjects are still to be further understood by educational researchers, such as myself