Quando o adolescente mata: uma perspectiva clínica

O adolescente com história de prática de ato homicida é o tema deste trabalho. O estudo pretende fazer essa investigação sob a perspectiva clínica da psicanálise. Tratando-se de um tema complexo, este requer a interlocução entre vários campos do saber para uma maior tentativa de compreensão. Dessa forma, utilizamos a psicanálise como método clínico e método de pesquisa, mas articulamos os achados clínicos também a outros campos teóricos. Assim, partimos do estudo das novas formas de ordenação no mundo contemporâneo, em queparece haver a articulação da violência com a queda dos ideais, para, em seguida investigarmos o estatuto da norma e do normal dentro dos territórios de exclusão em nossa sociedade. Fazemos uma retomada histórica e epistêmica do conceito de anormalidade e os reflexos dessa construção na atualidade. Após essa contextualização, trazemos o estudo de três casos clínicos de adolescentes com história de prática de ato homicida para, a partir deles, avaliarmos as questões concernentes à subjetividade e a adolescência no mundo atual, bemcomo a relação entre culpa e responsabilidade. Assim, esperamos contribuir com os avanços da psicanálise em sua interface com a criminologia, o que pode auxiliar os profissionais que atuam na condução de casos tão delicados, em que se chegou ao extremo da ruptura do pacto social.The object of this work is the teenager with history of homicides. The study intend to do such an investigation under the perspective of psychoanalysis. Because this is a complex theme, it requires a combination of many knowledge domains in an attempt to understand it better. Thus, we use psychoanalysis as a clinical and research method, but subject the clinical findings also to other theoretical fields. Therefore, we start from the study of new forms of arrangement in the contemporary world, in which there seems to be an articulation of violence with the decline of ideals, to then investigate the status of norm and normal within the exclusion territories in our society. We conduct a historical and epistemic resumption of the abnormality concept and the effects of this social construct today. After this contextualization, we present the study of three clinical cases on teenagers with history of homicides to, startingfrom them, evaluate matters related to subjectivity and adolescence in todays world, as well as the relation between guilt and responsibility. Thus, we expect to contribute to the advances of psychoanalysis in its interface with criminology, helping professionals who work with suchsensitive cases, where the social pact has already collapsed