BALANÇO DE CO2 NA BIOMASSA E NOS SOLOS DE ÁREAS AGRÍCOLAS NO BRASIL EM UM CENÁRIO BAIXO CARBONO

Estima-se que a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera já tenha aumentado 40% desde 1750. As alterações nos estoques de carbono da biomassa e dos solos constituem-se, dentro deste quadro, como a segunda maior fonte de carbono para a atmosfera, e o setor agrícola é considerado chave para o alcance de um desenvolvimento baixo carbono. Esse segmento se mostra importante tanto pela representatividade de suas emissões e pela sua importância na economia como pelas oportunidades de mitigação que oferece. Dessa forma, o presente estudo teve por objetivo estimar as emissões e o sequestro de carbono da biomassa e dos solos em áreas com uso do solo agrícola no período 2011-2022, por meio de modelagem espacialmente explícita, a partir das projeções de uso do solo estimadas por um cenário Baixo Carbono. Os resultados indicaram o sequestro de 1424 Mt de CO2e para todo o período estudado (1134 Mt de CO2e pela biomassa e 290 Mt de CO2e pelos solos), e uma média de 118 Mt de CO2e por ano. Esse valor anual corresponde a quase 80% da meta de redução de gases de efeito estufa relativas ao setor agrícola proposta pelo governo no Plano Nacional de Mudanças Climáticas para o ano de 2020. Para o alcance desses resultados, as pastagens destacaram-se como categoria chave em busca de uma agricultura de baixo carbono, já que a expansão de cultivos agrícolas e, principalmente, de florestas plantadas em áreas de pastagens mostraram grande potencial de sequestro de carbono, 716 Mt de CO2e, assim como a recuperação de pastagens degradadas, 234 Mt de CO2e. Tal magnitude de sequestro de carbono somente foi possível porque as análises foram baseadas em um cenário que envolveu a conjunção de diferentes práticas de mitigação aliadas à ausência de desmatamento. O modelo produzido, assim como os resultados deste estudo, podem ser utilizados como ferramentas e considerados tendências para orientar ações na direção a uma agricultura de baixo carbono.It is estimated that the concentration of greenhouse gases in the atmosphere has already increased 40% since 1750. Changes in carbon stocks in the biomass and soils constitute the second largest source of carbon to the atmosphere within this scenario, and the agricultural sector is considered key to achieving a low carbon development. This segment proves to be important both for the representativity of its emissions and its importance in the economy as for the mitigation opportunities it offers. Thus, this study aimed to estimate carbon emissions and sequestration in the biomass and soils in areas with agricultural land use over the period 2011-2022, through spatially explicit modeling, based on the land-use projections estimated for a Low Carbon scenario. The results indicated sequestration of 1424 Mt of CO2e for the period (1134 Mt of CO2e by biomass and 290 Mt of CO2e by soils), and an annual average of 118 Mt de CO2e. This annual value corresponds to 80% of the goals of reducing greenhouse gases emissions proposed for the agricultural sector by the government in the National Climate Change Plan to 2020. To achieve such results, pastures stood out as a key category in pursuit of a low-carbon agriculture, since the expansion of cropland areas and particularly of planted forests over grasslands showed great potential for carbon sequestration, 716 Mt of CO2e, as well as the recovery of degraded grasslands, 234 Mt of CO2e. Such carbon sequestration magnitude was only possible because the analyzes were based on a scenario which involved the combination of various mitigation practices combined with absence of deforestation. The produced model, as well as the results of this study, may be used as tools and considered trends for guiding actions towards a low-carbon agriculture