Early life trauma and its effects on clinical characteristics of adult patients with bipolar disorder, major depressive disorder and healthy controls

Objetivo: Avaliar história de maus-tratos na infância (MTI) e suas consequências clínicas na vida adulta em indivíduos com diagnóstico de transtorno bipolar e transtorno depressivo maior em comparação com controles saudáveis, bem como sua história familiar de doença mental, qualidade de vida e incapacidade.Método: Neste estudo caso-controle foram incluídos 66 indivíduos com transtorno bipolar (TB), 36 indivíduos com transtorno depressivo maior (TDM) e 66 indivíduos saudáveis, recrutados no ambulatório de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UEL. Os participantes foram avaliados para detectar diagnóstico de transtornos mentais em entrevista clínica estruturada baseada no DSM-IV (SCID-I), além de questionário com características sócio-demográficas, clínicas, histórico de maus-tratos na infância, história familiar e avaliação da qualidade de vida e incapacidade. Foram utilizados: Questionário Sobre Traumas na Infância (QUESI), Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton 17 itens (HDRS17), Escala de Avaliação de Mania de Young (YMRS), Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Cigarro e Outras Substâncias (ASSIST), Escala de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde versão abreviada (WHOQOL-BREF) e Escala de Incapacidade de Sheehan (SDS). Resultados: Em nossa amostra, múltiplos desfechos clínicos foram encontrados em indivíduos expostos a MTI, desde transtorno bipolar, transtornos ansiosos, uso de substâncias, suicidalidade, bem como estados atuais de depressão e ansiedade. História familiar positiva para transtorno bipolar, dependência de substâncias e suicídio também foi associada aos adultos com MTI. Houve correlação positiva entre história familiar de dependência de álcool e score total de MTI, abuso emocional e negligência física . História familiar de dependência de substâncias ilícitas foi correlacionada tanto com score total de MTI quanto a todos os seus 5 subtipos. Abuso emocional foi preditor tanto de TB como TDM, enquanto abuso sexual foi preditor apenas de TB. Abuso emocional foi preditor de número de episódios de humor, tanto depressivos quanto (hipo)maníacos, ao passo que histórico de abuso sexual foi correlacionado a uso de álcool. Abuso físico foi preditor de ideação suicida atual e abuso emocional foi preditor de ideação suicida durante a vida. Histórico de tentativas de suicídio foi predito por abuso emocional. Conclusões: Nossos achados evidenciaram certas especificidades encontradas em nossa amostra , principalmente a correlação de abuso emocional com depressão tanto unipolar quanto bipolar, ao passo que abuso sexual foi correlacionado especificamente ao transtorno bipolar. A influência da história familiar de dependência de substâncias, suicídio e TB na experiência de MTI também foi um dado de extrema relevância, destacando a importância de se neutralizar ou ao menos minimizar a influência genética desses transtornos com um ambiente protetor e não potencializador de doença a longo prazo. O conhecimento dos sérios efeitos a longo prazo dos MTI necessariamente nos obriga a uma melhor identificação de indivíduos em risco, bem como ao desenvolvimento de medidas efetivas para proteger crianças de tais experiências nocivas.Objective: The aim of this study was to evaluate history of Childhood Trauma (CT) and its clinical consequences in adult life in individuals diagnosed with bipolar disorder (BD), major depressive disorder (MDD) and healthy controls as well as family history of mental illness, quality of life and disability. Methods: This case-control study included 66 patients with BD, 36 patients with MDD and 66 healthy subjects recruited at the Psychiatric outpatient clinic of the Clinical Hospital at the State University of Londrina (UEL). The study was approved by the Ethics Committee for Research Involving Human Beings of UEL. Participants were evaluated for diagnosis of mental disorders through structured clinical interview based on DSM-IV (SCID-I), and a questionnaire with socio-demographic and clinical characteristics, CT, family history, quality of life and disability. We used the following: Childhood Trauma Questionnaire (CTQ), Hamilton Depression Rating Scale - 17 items (HDRS17), Young Mania Rating Scale (YMRS), Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST), the World Health Organization Quality of Life instrument - abbreviated version (WHOQOL-BREF) and Sheehan Disability Scale (SDS). Results: In our sample, multiple negative outcomes were found among CT exposed individuals such as bipolar and anxiety disorders, substance use, suicidality and current states of depression and anxiety. Family history of bipolar disorder, substance dependence and suicide was also associated with adults with CT. There was a positive correlation between family history of alcohol dependence and the CT total score, emotional abuse and physical neglect. Family history of illicit drugs dependence was correlated with total CT score as well as all five CT subtypes. Emotional abuse was predictive of both BD and MDD, while sexual abuse was only predictor of BD. Emotional abuse was a predictor of number of mood episodes, both depressive as (hypo) manic, whereas history of sexual abuse was correlated with alcohol use. Physical abuse was predictive of current suicidal ideation while emotional abuse was a predictor for lifetime suicidal ideation. History of suicide attempts was predicted by emotional abuse. Conclusions: Our findings bring to light certain specificities found in our sample, mainly the correlation of emotional abuse with both unipolar and bipolar depression, while sexual abuse was only correlated with bipolar disorders. The influence of family history of substance dependence, suicide and BD in CT experience was also very relevant, emphasizing the importance to neutralize or at least minimize the genetic influence of these disorders with a protective environment, instead of a harmful one. The knowledge of serious CT long-term effects forces us to better identify individuals at risk and to develop effective measures to protect children from such harmful experiences