Estudo da atenção centrada na pessoa na prestação de cuidados na velhice em Portugal: abordagens e instrumentos de avaliação

Os paradigmas que têm dominado a prestação de cuidados a idosos derivam, tendencialmente, de uma perspectiva biomédica. Este modelo tem demonstrado sinais de pouca sustentabilidade pois tende a centrar o foco na doença e défices e apresenta uma organização rígida e procedimentos padronizados. Têm sido várias as preocupações de entidades internacionais, como é o caso da Organização Mundial de Saúde, que alertam para a necessidade de uma mudança de paradigma e para a importância do investimento em cuidados de Atenção Centrada na Pessoa (ACP). Este tipo de cuidados congregam, para além dos aspetos biológicos, aspetos psicossociais promovendo uma visão holística e integradora. Quando aplicados na assistência a pessoas idosas, este paradigma coloca a “pessoa” no centro da organização dos cuidados, atribui-lhe um papel ativo enquanto decisor/agente causal e personaliza os cuidados. Promover cuidados de ACP é um meio de zelar pelos direitos da pessoa idosa nomeadamente os que constam na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Convenção Europeia dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa. Assim, a ACP tem potencial para incrementar a qualidade e fomentar boas práticas nos serviços gerontológicos. Não existe, contudo, um modelo consensual de implementação da ACP nos cuidados a idosos nem instrumentos que avaliem a sua prática em Portugal. Este projeto de investigação pretende: a) ampliar o conhecimento sobre ACP nos cuidados a idosos, b)validar para a população Portuguesa dois instrumentos de avaliação da ACP frequentemente encontrados em investigações internacionais (The Person-Centered Care Assessment Tool e The Staff Assessment Person Directed Care) e c) avaliar o grau de implementação da ACP nas ERPI’S. A amostra em estudo será composta por cuidadores formais, trabalhadores em ERPI’S há mais de 6 meses. Objetiva-se contribuir para que as respostas gerontológicas em Portugal possuam mais recursos para a potenciação de boas práticas e qualidade nos cuidados.