Cultivar na cidade, habitar a pedra

Dissertação de Mestrado Integrado com a especialização em ArquiteturaMotivado por um problema infraestrutural que se desenvolveu no vale de Alcântara durante o século XX, evidente no palimpsesto de vias automóveis que hoje obstrui o sistema natural do vale, o presente exercício assume-se como veículo de uma imagem do lugar desagregada das marcas infraestruturais, com o intuito de moldar a perceção deste e impulsionar uma reflexão crítica sobre a forma como hoje se pensa o território. A construção desta ideia para o vale de Alcântara assume-se como uma síntese do lugar, no tempo e no espaço, alicerçada por premissas de relação histórica e ambiental, culminando no desenvolvimento de um eixo de produção agrícola e de lazer ao serviço da cidade de Lisboa e de um conjunto de unidades territoriais que consolidam as frentes urbanas envolventes. O vínculo entre o habitante e o território onde vive apresenta-se como mote de desenvolvimento do projeto urbano e arquitetónico, despertando uma dimensão humana na arquitetura que visa potenciar uma relação de territorialidade que hoje não se verifica no lugar. Fomentando esta relação, a arquitetura expressa um constante sentido de pertença, do vale para o bairro, do bairro para a casa, da casa para a janela, da janela para o vale.ABSTRACT: Motivated by an infrastructural problem that developed in the Alcântara valley during the 20th century, evident in the palimpsest of motorways that today obstructs the natural system of the valley, the present exercise assumes itself as the vehicle of an image, in which the place appears disaggregated of the infrastructural scars, in order to shape its perception and trigger a critical reflection on the way the territory is today thought. The construction of this idea for the Alcântara valley is assumed as a synthesis of place, in time and space, based on premises of historical and environmental relationship, culminating in the development of an axis of agricultural production and leisure at the service of the city of Lisbon and a set of interventions that consolidate the surrounding urban fronts. The link between the inhabitant and the territory where he lives is presented as a motto for the development of urban and architectural design, raising a human dimension in architecture that aims to enhance a territorial relationship with the place. Fostering this relationship, architecture expresses a constant sense of belonging, from the valley to the neighborhood, from the neighborhood to the house, from the house to the window, from the window to the valley.N/