A OBESIDADE COMO FATOR DE RISCO PARA ANEMIA INFLAMATÓRIA E SÍNDROME METABÓLICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

A obesidade é uma realidade marcante em várias populações devido à cultura atual da busca de praticidade na alimentação, ocasionando o consumo exacerbado de industrializados, alimentos ricos em carboidratos simples e gorduras saturadas, entre outros fatores, tornando-se uma epidemia global. Tal situação é precursora de várias injúrias como doença cardiovascular, diabete mellitus, dislipidemia e hipertensão arterial sistêmica. Estudos também têm demonstrado que a hipertrofia dos adipócitos, principalmente no tecido adiposo visceral, provoca um desequilíbrio na homeostase metabólica do tecido adiposo, aumentando a produção de adipocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa) e reduzindo a produção de adipocinas anti-inflamatórias, como interleucina-10 (IL-10). Esse aumento da produção de citocinas inflamatórias também interfere na regulação da expressão do gene da eritropoetina, um dos fatores estimuladores da maturação dos glóbulos vermelhos, o que contribui para um quadro anêmico do paciente obeso. Neste sentido, o objetivo dessa pesquisa foi investigar a relação entre obesidade, anemia inflamatória e síndrome metabólica através de uma revisão sistemática de literatura. Para isso, foi realizada uma pesquisa através das bases de dados SCIELO (Scientific Electronic Library Online), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Revista Saúde, entre outras. Os seguintes descritores em saúde foram utilizados: obesidade, anemia inflamatória, síndrome metabólica, problemas hepáticos e problemas cardiovasculares. Os critérios de inclusão foram assunto principal (obesidade, síndrome metabólica e anemia inflamatória) em pacientes obesos em diversas faixas etárias. Os critérios de exclusão foram fuga ao tema, relatos de caso, relação entre obesidade com outras patologias. Entre os resultados coletados, a obesidade foi mais associada à Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), hipertrigliceridemia, doenças cardiovasculares, caracterizando a síndrome metabólica, sendo as pacientes mulheres as que apresentaram maior prevalência de hipertensão e diabetes mellitus e os homens, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. Em pacientes crianças e adolescentes, ocorreram complicações semelhantes àquela dos adultos, sendo preocupante por reduzir em até oito anos a sua expectativa de vida. O mecanismo dessa última comorbidade apresentado na literatura selecionada revelou redução de sensibilização à insulínica por inibição do transportador de glicose, GLUT-4, pela IL-6, e redução da extração hepática de insulina por excesso de ácidos graxos livres na obesidade abdominal. Quanto à inflamação proveniente do excesso de peso foram identificados níveis séricos elevados de proteína C reativa (PCR), visto que ocorreu 88% de sua redução pós-operatória em pacientes submetidos à gastroplastia redutora. Enquanto o marcador IL-6 não apresentou potencial como biomarcador pois a alteração do IMC não causou alterações endógenas significativas. Devido à produção de citocinas inflamatórias, constatou-se durante a revisão, uma redução de eritropoetina, prejudicando a eritropoese. Esse mecanismo é um dos causadores de anemia inflamatória, presente em 57,3% das mulheres obesas com média de 11,8 g/dl de hemoglobina de um dos estudos analisados, que confirmou uma relação direta entre IMC e hemoglobina. Por tudo isso, concluiu-se que a obesidade influencia significativamente no desenvolvimento de diabetes mellitus, hipertrigliceridemia e hipertensão arterial. Alguns estudos mostram que existe uma relação com anemia inflamatória, evidenciada principalmente pela proteína C reativa sérica, entretanto, poucas pesquisas abordam essa relação, sendo necessária maior investigação