ALTERAÇÃO DO TRATAMENTO CONTABILÍSTICO DO GOODWILL E A SUA RELAÇÃO COM A ESTRUTURA DO BALANÇO, OS RESULTADOS E OS INDICADORES DE GRANDES EMPRESAS PORTUGUESAS

Ao longo dos anos, o tratamento contabilístico do goodwill sofreu várias alterações. Em 2015 esta matéria viu a sua última alteração ser definida pelo Decreto-Lei (DL) n.º 98/2015, de 2 de junho, que procedeu à transposição da Diretiva 2013/34/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013. Esta diretiva veio definir que o goodwill passa, a partir de 1 de janeiro de 2016, a ser sujeito ao reconhecimento de amortizações anuais, sendo as perdas por imparidade reconhecidas apenas quando houver indícios da sua existência. O objetivo deste trabalho consiste em analisar o impacto que a alteração normativa no tratamento do goodwill tem nos resultados e nos indicadores económico-financeiros de grandes empresas portuguesas. Para tal, efetuamos uma análise quantitativa e qualitativa aos valores constantes das demonstrações financeiras, retirados da SABI - Sistema de Análise de Balanços Ibéricos, de 195 grandes empresas portuguesas no período 2014-2017. Os resultados permitiram concluir que o goodwill é sempre facilmente associado à discricionariedade dos gestores. A alteração no tratamento do goodwill mostrou-se influente nos resultados e na estrutura de balanço das grandes empresas, embora não tenha sido relevante a alteração no valor do goodwill no período analisado. Os indicadores económico-financeiros não se apresentaram influenciados por esta alteração. Poderá ser precisamente o objetivo dos gestores, ao decidirem sobre a vida útil do goodwill ou sobre a eventual existência de perdas por imparidade, a estabilidade da imagem económico-financeira da empresa, verificando-se, por isso, a continuação da facilidade de gestão dos resultados associada a esta temática, continuando a considerar-se esta rubrica pouco confiável e fidedigna. Este estudo procura ser uma contribuição para a literatura sobre o tema para que se continue a estudar uma componente muito significativa das empresas, porque a maioria das vezes tem valores muito assinaláveis, mas que é das que mais subjetividade tem subjacente quer no seu reconhecimento quer, especialmente, na sua mensuração