Quando Sylvia Plath cometeu suicídio em Londres, em fevereiro de 1963, aos 30 anos de idade, as situações de autobiografia e os ritos de auto-aniquilamento e morte, tratados como matéria estética no espaço do livro Ariel, terminaram por invadir o real e se espelhar de dentro para fora do poema, criando um complexo jogo de refrações onde representado e representação se embaralham e se tornam, por vezes, indistintos. Tornada início e fim, a morte da poeta alterou não apenas a cronologia das coisas, mas fez com que a obra se apresentasse como um mapa a ser decifrado. Seu suicídio converteu-se, a partir de então, numa espécie de epicentro de sua obra, um lugar de onde tudo nasce e para onde tudo converge, produzindo significados dentro e fora d...