Descrição de uso de serviços e barreiras de acesso a tratamento em saúde mental entre crianças e adolescentes de um hospital da cidade de São Paulo.

Estudos indicam altas taxas de crianças e adolescentes com transtornos psiquiátricos que não têm acesso aos serviços em saúde mental (13-20%), evidenciando seus efeitos prejudiciais na trajetória de vida desse público. Atualmente o Brasil possui uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e é composta por serviços e equipamentos direcionados à saúde mental, porém altos índices de abandono do tratamento parecem ser comuns em serviços considerados de referência. Assim, esta pesquisa teve como objetivo descrever o perfil do atendimento recebido e as barreiras que dificultam o acesso ao tratamento de adolescentes com problemas de saúde mental e identificar os fatores sociodemográficos relacionados às barreiras. Foi realizado um estudo com o protocolo que contempla instrumentos padronizados, incluindo o questionário Service Assessment for Children and Adolescents (SACA) aplicado através de contato telefônico com 96 pais/responsáveis de crianças e adolescentes de 09 a 16 anos, que iniciaram tratamento no Ambulatório de Psiquiatria da Infância e Adolescência de um determinado hospital na cidade de São Paulo. A maior parte das entrevistas foi respondida por mães biológicas que tinham entre 30 e 71 anos e em sua maioria com nível de escolaridade de Ensino superior completo, com ou sem pós-graduação, com renda familiar total entre R$ 100,00 e R$ 15.000,00. Nesta pesquisa, o serviço formal de saúde mais utilizado devido a problemas emocionais e de comportamento na adolescência foi o ambulatório de saúde mental. Já entre os serviços informais, a procura por atendimentos ligados à religião foi a mais expressiva. O uso de serviços escolares foi incomum. Além disso, não foram identificadas diferenças com relação à acesso aos serviços de saúde mental segundo sexo das crianças/adolescentes. Os custos do tratamento e descolamento foram as principais barreiras para o acesso aos serviços de saúde mental, assim como o longo tempo de espera para uma vaga. Em suma, os dados apontam que há diversas barreiras que dificultam o contato das crianças e adolescentes aos serviços de saúde mental, principalmente por haver carência de serviços de psicologia em locais de referência para a população, que muitas vezes precisa recorrer aos serviços particulares ou informais.Studies indicate high rates of children and adolescents with psychiatric disorders who do not have access to mental health services (13-20%), showing their detrimental effects on the life trajectory of this public. Currently, Brazil has a Psychosocial Care Network (RAPS) that integrates the Unified Health System (SUS) and is made up of services and equipment aimed at mental health, but high rates of treatment abandonment seem to be common in services considered reference. Thus, this research aimed to describe the profile of the care received and the barriers that hinder access to treatment for adolescents with mental health problems and to identify the sociodemographic factors related to the barriers. A study was carried out with the protocol that includes standardized instruments, including the Service Assessment for Children and Adolescents (SACA) questionnaire applied through telephone contact with 96 parents / guardians of children and adolescents from 9 to 16 years old, who started treatment at the Outpatient Clinic of Child and Adolescent Psychiatry at a specific hospital in the city of São Paulo. Most of the interviews were answered by biological mothers who were between 30 and 71 years old and most of them had completed higher education, with or without graduate school, with total family income between R $ 100.00 and R $ 15,000.00. In this research, the most used formal health service due to emotional and behavioral problems in adolescence was the mental health clinic. Among informal services, the demand for services related to religion was the most significant. The use of school services was uncommon. In addition, no differences were identified with regard to access to mental health services according to the sex of children / adolescents. The costs of treatment and detachment were the main barriers to access to mental health services, as well as the long waiting time for a place. In short, the data show that there are several barriers that make it difficult for children and adolescents to contact mental health services, mainly because there is a lack of psychology services in places of reference for the population, who often need to use private or informal services