PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE: CONTRIBUINDO PARA PRÁTICAS INCLUSIVAS

A educação física escolar brasileira continua englobando fundamentalmente modalidades coletivas e competitivas, conservando uma forte ênfase sobre performance e primazia, uma visão do senso comum, que tende a reduzir a participação efetiva de todos os alunos. Tratando-se de um espaço prolífero para a criatividade, as expressões de valores e os sentimentos compassivos, a educação física possui um compromisso pedagógico, através da ampliação sistemática dos seus conteúdos, para que nos espaços escolares se combata à exclusão social e se perpetue a valorização da singularidade individual, mediante práticas pedagógicas inclusivas e cooperativas que permitam a facilitação do processo criativo com a flexibilização das regras ao mesmo tempo em que se convive com as diferenças de experiência e aprendizagem. Assim sendo, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), que exerce um papel de programa acadêmico e social, como elo integrador do conhecimento e de transformações sociais por meio da vivência das práticas dos conteúdos de Educação Física, capacita os professores em formação a cooperar com o ensino de qualidade para todos, independentemente da sua origem cultural ou qualquer outro aspecto que diferencie o aluno. Vários autores afirmam que atitudes inclusivas dos professores são uma condição fundamental para que o processo de ensino-aprendizado se efetive com qualidade e de forma abrangente. No que tange ao processo de formação docente, durante a disciplina de Comportamento Motor do curso de Educação Física Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), os alunos foram instigados pela professora a adaptarem (utilizando-se do triângulo de Newell, 1986) brincadeiras tradicionais de natureza competitiva e excludente, a fim de quebrar os paradigmas da educação física tradicional, tornando-as essencialmente cooperativas e inclusivas. A experiência elaborada dentro da disciplina propôs aos alunos uma nova maneira de pensar, executar e elaborar as tarefas, perpetuando a valorização da singularidade individual, mediante práticas pedagógicas cooperativas. O que se pode observar preliminarmente foi à dificuldade inicial por parte dos alunos de eliminarem o lado competitivo das tarefas, por ser tratar de uma ênfase enraizada e amplamente difundida. Porém, à medida que as discussões em sala de aula foram promovendo um melhor entendimento das interações entre organismo, tarefa e ambiente, e suas infinitas variações, as possibilidades de adaptações a públicos com e sem necessidades especiais foram sendo apontadas, praticadas e discutidas em sala em consonância ao processo de formação. Num sistema de cooperação, para além da satisfação e alegria vivenciadas, cada uma das partes e o todo ganham, em consequência da ajuda. Dessa forma, a busca em superar essa tendência competitiva histórica requer que apresentemos às pessoas a incorporação e a vivência de outros valores, pautados na solidariedade, no respeito mútuo, no trabalho coletivo e, no ponto principal desse ensaio, a cooperação. É essencial romper com a ideia da competição como único meio para garantir às pessoas as melhores oportunidades e condições de sobrevivência no mundo.