GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

O presente trabalho é fruto de experiências vivenciadas durante a graduação, nas disciplinas de estágio obrigatório, chamadas de PPE (Pesquisa e Prática de Ensino) e na participação no PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), atuando em escolas da rede pública de ensino no município de Niterói/RJ. Durante o andamento das aulas, uma situação chamava bastante a atenção, meninos e meninas não queriam se misturar, ambos com motivos diferentes. Pelo lado das meninas, os meninos eram muito brutos e violentos. Já pelo lado dos meninos, as meninas não se empenhavam e não queriam correr, e assim, atrapalhavam o andamento das atividades. Conforme o passar do tempo, essa situação não mudava, independente das escolas, da idade dos alunos, do contexto e realidade em que vivem. Dessa forma, essas questões acabam mostrando valores vindos da sociedade em que vivemos, que são reproduzidas dentro dos muros das escolas. Esse estudo tem por objetivo mostrar, questionar e refletir, através do relato de experiência, questões de gênero que adentram os muros da escola, onde constantemente vem acontecendo situações que não são problematizadas pelos professores e acabam por gerar preconceitos e até exclusões de alunos nas aulas de Educação Física. Utiliza-se como metodologia desse trabalho um relato de experiência, vinculado à estágios e atuação profissional, com embasamento bibliográfico. Na bibliografia, é utilizada como referência autoras importantes que dialogam o contexto gênero/escola, tais como: Helena Altmann e Guacira Lopes Louro, abordando situações presentes nas aulas de Educação Física, por exemplo a divisão dos meninos e meninas nas atividades relacionadas ao futebol, que devem ser vistas e problematizadas, a fim de não gerar preconceito e exclusão, além de documentos importantes que legitimam os professores a tratar o tema gênero na escola, como: os PCN e a LDB. Há também autoras essenciais para a discussão do corpo relacionada com a sociedade vigente, como: Azoilda Trindade, Jocimar Daolio e Giovanina Freitas, onde trazem questões que mostram como a sociedade é moldada e manipulada a apenas aceitar o corpo “padrão” imposto, sem levar em consideração a diversidade das pessoas. Nesse sentido, o trabalho dialoga experiências profissionais vividas em relação ao tema gênero com textos que refletem e estimulam o pensamento crítico sobre a relação corpo/gênero na sociedade em que vivemos. Abordar o tema transversal gênero na Educação Física escolar acaba sendo uma tarefa árdua para os professores, onde essas questões são afloradas, principalmente nas práticas corporais, pois trabalhar com o corpo e lidar com as peculiaridades e diferenças de cada um ali presente, é algo muito complexo. Porém, o professor tem um papel fundamental, onde o mesmo deve considerar a diversidade dos sujeitos e quando é feito um trabalho com dedicação e empenho, em longo prazo, aparecem bons resultados que podem mudar e contribuir para uma formação crítica do aluno e assim, ajudar a constituir uma sociedade mais justa e igualitária, dando a possibilidade de cada um ser dono de seu “próprio corpo”, de se situar como um corpo no mundo