DOENÇAS DO MAGISTÉRIO: CAUSAS E EFEITOS

Neste trabalho, professores regentes na educação básica em escolas públicas do estado e município Rio de Janeiro fazem um estudo sincrônico (a partir de dados atuais) e diacrônico (a partir de dados de pesquisas anteriores a esta) sobre as doenças que têm afetado os docentes. Objetiva-se, através de entrevistas com professores regentes e profissionais da saúde que analisam clinicamente docentes, relacionar as causas dessas doenças com as diversas consequências que esse quadro traz para a educação. Também é parte estrutural desta pesquisa investigar como o imaginário coletivo gera desconforto no magistério, pois, de acordo com Esteve (1999), não há razão clara para a valorização do trabalho do docente, sendo as opiniões da sociedade o veículo principal do reconhecimento do trabalho do professor. Desta forma, grande parte da sociedade costuma se sentir confortável e autorizada, ainda que sem competência técnica, para formular falácias (recebidas pela sociedade como verdade) sobre ensino, aprendizagem e atuações docentes. A força dessas opiniões muitas vezes equivocadas e desconexas das precárias condições de trabalho do professor tem contribuído para gerar um mal-estar descomunal na profissão. Um estudo de Gens (2006) mostra que os símbolos escolhidos pelos professores para representar a profissão misturam força e fraqueza; intelectual e força física; magnanimidade e dominação. Acredita-se aqui que estas escolhas são reflexos dos sentimentos dos professores ao se sentirem incapazes de realizar tudo que deles se espera. Como aponta Garcia (2006), os professores se encontram numa posição impossível de conciliar o que aprenderam na universidade com a função redentora que sociedade espera dele. Dando voz aos docentes, considera-se, então, necessário refletir sobre como essa luta psicológica diária afeta a prática de lecionar nas escolas públicas de educação básica do Rio de Janeiro. Uma análise preliminar das salas de aula do Rio de Janeiro mostra pouca preocupação com a saúde do professor e que muito pouco tem sido feito para melhorar as condições de trabalho do mesmo. Pretende-se, assim, no “Seminário a UFRJ faz 100 anos”, já que é um evento que se propõe a promover a interlocução entre diversas comunidades, refletir sobre essas exigências sociais e institucionais que levam o professor a adoecer e, como decorrência desta reflexão, contribuir para desmitificação de um sistema de crenças que contribuem para adoecer os docentes. Palavras-chave: doenças do magistério; educação; magistério; desvalorização do professor, autoestima do professo