EXPERIÊNCIA FORMATIVA EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO: A AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA POSSIBILITANDO O DIÁLOGO ENTRE OS OLHARES DISCENTES E A PRÁTICA DOCENTE

A investigação da qualidade da formação docente em cursos de Licenciatura é de crucial importância para a promoção de mudança e de efetiva melhora do ensino nas Universidades. Debruçar-se sobre essa questão é uma prioridade tendo em vista que tal aprimoramento refletirá na qualidade do ensino nas escolas públicas brasileiras, atualmente ainda mais desvalorizado e precarizado. Lançar mão de espaços de escuta dos licenciandos favorece uma análise do que lhes é oferecido, tanto em termos de conteúdo programático quanto em relação à metodologia de ensino. Na função de professora substituta de Psicologia da Educação do Campus UFRJ-Macaé Professor Anísio Teixeira, interessava-me uma prática pedagógica que contribuísse para a formação docente, refletindo acerca dos dispositivos pedagógicos em uso e buscando a construção de uma relação dialógica. Diante da necessidade de analisar como os graduandos qualificavam o processo de ensino-aprendizagem, ao final de cada semestre letivo era solicitado o preenchimento de uma avaliação da disciplina. O presente trabalho busca compreender as percepções dos licenciandos em termos dos conteúdos considerados mais/menos relevantes e das atividades avaliativas mais/menos interessantes e investigar de que maneira suas impressões reverberaram no fazer pedagógico. Para isso foram analisadas 72 avaliações anônimas das turmas de 2012 e 2013, preenchidas por licenciandos dos cursos de Química e de Ciências Biológicas. Tendo em vista a extensa gama de conteúdos relevantes do campo, a escolha do conteúdo programático ia sendo referendada pelas vozes discentes, que destacaram como mais relevantes as necessidades educacionais especiais (termo utilizado à época), o fracasso escolar, conceitos centrais da teoria piagetiana e a relação que a comunidade escolar estabelece com o erro, evidenciando seu impacto no processo de ensino-aprendizagem. No que diz respeito aos conteúdos considerados menos relevantes, 41 dos 72 participantes informaram que nenhum teria menor relevância. Ademais, sugestões foram ouvidas e temas foram inseridos. Perseguiu-se, ao longo dos semestres, seguir os princípios da avaliação formativa, possibilitando momentos cotidianos de reflexão e discussão dos conteúdos trabalhados, que também traziam um retorno de como estavam se dando suas aprendizagens, possibilitando aperfeiçoamento das práticas docentes. Das onze atividades avaliativas oferecidas, as mais destacadas como interessantes foram o seminário relativo às adaptações curriculares para alunos com deficiência, a criação de um jogo didático e a elaboração de um plano de aula adaptado para um aluno em situação de inclusão. A análise das respostas relativas às atividades apontou para uma preferência por aquelas relacionadas à prática docente nas quais era evidente a articulação entre teoria e prática. Ainda que documentos oficiais e acadêmicos proponham que a formação deva ter como eixo uma relação efetiva entre teorias e práticas educacionais, pesquisas realizadas em universidades não têm evidenciado a concretização dessa relação. Buscou-se proporcionar uma homologia de processos, visando uma aprendizagem vivencial e não apenas conceitual, podendo suas experiências quanto à metodologia de ensino e práticas avaliativas se constituírem em possibilidades de atuação. Por fim, os olhares discentes se mostraram um instrumento impulsionador da reflexão crítica e indicador de mudanças curriculares e metodológicas, fundamentais para a qualidade do ensino