PROJETO SURDOS-UFRJ, A INCLUSÃO DO SURDO ATRAVÉS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O ensino inclusivo no mundo ganhou força ao longo dos anos, estimulado pelas diversas reuniões promovidas pela ONU e, principalmente, pela Declaração Salamanca em 1994. O Brasil tem adotado leis que buscam integrar cada vez mais pessoas com diferentes necessidades ao ensino regular e ao convívio científico/cultural. Apesar dessa nova proposta por parte das políticas públicas, o conhecimento de como adequar nosso ensino a um público que requer uma atenção especial, ainda é bem rudimentar, necessitando de mais estudos. Dentro desse novo grupo que agora cobra seus direitos, estão os surdos, que por muito tempo não tiveram oportunidade de conseguir uma formação superior. No Brasil, a população surda soma quase dez milhões de brasileiros. Dentro deste grupo estão os surdos profundos que, além de apresentarem restrições na sua capacidade de ouvir, apresentam, também, enormes dificuldades com relação à língua Portuguesa escrita, restringindo ainda mais suas chances de obter uma boa escolaridade. Torna-se essencial a busca de soluções, visto que o distanciamento acadêmico dos surdos pode afetar vários aspectos da vida deste grupo. Para tal, é necessário que se invista mais em pesquisas na área de diferentes abordagens educacionais e formar recursos humanos interessados na temática. Desde 2005 o Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, por intermédio do PROJETO SURDOS-UFRJ, tem buscado incluir este grupo através do conhecimento científico. Para isso, oferece a oportunidade de alunos surdos serem apresentados à ciência como um processo e não um produto, procura descobrir novos talentos através de cursos experimentais, além de oferecer aos alunos surdos estágios em laboratórios com cientistas altamente qualificados. Entre as diversas atividades do PROJETO SURDOS-UFRJ, encontra-se, também, a produção de material didático para este público, o desenvolvimento de um glossário científico na Língua Brasileira de Sinais, a capacitação de intérpretes especializados em biociências, e a formação de mestres e doutores na área de ensino de ciências para surdos. Acreditamos que melhor qualificados em um campo de atividades em que existe carência no nosso país, os jovens surdos terão maiores possibilidades de inserção na sociedade. Com isso, busca-se combater um pouco a exclusão à qual esses indivíduos são submetidos, contribuindo para o resgate da cidadania das pessoas surdas