O GOSTO ORIENTAL NO MUSEU DOM JOÃO VI

O presente trabalho procura analisar as porcelanas de origem chinesa presentes na coleção Jerônimo Ferreira das Neves do Museu Dom João VI da UFRJ. As peças em questão foram doadas pela Dona Eugênia Barbosa de Carvalho das Neves em 1947 ao Museu Nacional de Belas Artes. Apesar de não ser possível conhecer com exatidão a proveniência de tais peças, suas características materiais e estilísticas podem nos fornecer alguns dados sobre suas origens. Ainda que o trabalho se debruce sobre objetos de arte de uma cultura aparentemente tão distante, a China, acreditamos que seu estudo torna-se fundamental para compreensão da história das nossas coleções de arte. Instituições como Museus Castro Maya, Casa-Museu Eva Klabin e Museu Histórico Nacional são apenas algumas cujas coleções apresentam peças de origem oriental. No caso do Museu Dom João VI, as porcelanas são de uso doméstico, do tipo exportação, e datam, em sua maioria, do século XVIII. Durante esse período, a China viu enorme crescimento do seu comércio de porcelanas, exportando peças para muitos lugares do mundo. Responsável por esse crescimento, o imperador Kangxi era um ávido intelectual que investiu forte nas artes, sendo a porcelana uma delas. Um dos grandes feitos do imperador foi abrir os portos e permitir a presença jesuíta. A porcelana, ao lado da seda e da cerâmica, se torna então um dos grandes produtos de exportação da China. Contudo, o governo da época não soube administrar tanta demanda e a qualidade das peças caiu dramaticamente. Além dos inúmeros problemas internos, o comércio chinês ainda precisou lidar com a competição Europeia, que produzia peças à moda chinesa. As porcelanas de exportação dessa época se caracterizavam pelo uso de padrões estilísticos provenientes da Europa. Algumas peças encontradas no Museu Dom João VI apresentam decoração em azul e branco, característica da era Kangxi. Essa decoração se tornou tão usual por não precisar levar a peça muitas vezes ao forno e assim tornar sua confecção mais rápida e menos custosa. Outras interessantes características presentes nas porcelanas do museu são a presença de imagens de crisântemos, peônias e ameixeiras, flores bastante simbólicas para o povo chinês, cuja representação significava jovialidade, amor e longevidade. PALAVRAS-CHAVE: museu, colecionismo, arte chinesa, história da arte