SOBRE A NOÇÃO DE TERCEIRO FATOR DE NOAM CHOMSKY

RESUMO: Desde o início dos anos 2000 cresceram as pesquisas sobre a linguagem humana no âmbito do que ficou conhecido como a perspectiva “biolinguística”, principalmente após a publicação do clássico artigo Three Factors in Language Design (CHOMSKY, 2005). Nele, Chomsky concebe a faculdade da linguagem como um “órgão do corpo, juntamente com outros sistemas cognitivos” e apresenta três fatores que interagem para formar o conhecimento linguístico internalizado na mente do falante: I – dotação genética, II – experiência e III – princípios que independem da linguagem (talvez até do organismo). Quanto ao terceiro fator, Chomsky (2005) fala sobre dois subtipos: (a) “princípios de análise de dados que podem ser usados na aquisição da linguagem e outros domínios” e (b) “princípios de arquitetura estrutural e restrições de desenvolvimento (...), forma orgânica (...) que incluem princípios de eficiência computacional, esperados como sendo de particular importância para sistemas computacionais como a linguagem humana”. Esse terceiro fator é também retomado em Chomsky (2012;2013), como “princípios não específicos à faculdade da linguagem”, tais como as noções de “computação mínima”, “complexidade computacional” e “busca mínima” (CHOMSKY, 2012; 2013). Nos referidos artigos, Chomsky abre o espaço para uma ampla agenda de investigações sobre a faculdade da linguagem na perspectiva biolinguística e os mecanismos que atuam sobre ela. Apesar disso, quase nenhum escopo sobre a noção de terceiro fator foi dado de 2005 até hoje na pesquisa linguística brasileira. Somente há pouco, no estudo de Maia (2016) sobre coordenação e encaixe de estruturas preposicionadas, efeitos de processamento da linguagem foram associados ao terceiro fator chomskyano e, ao que consta, a primeira pesquisa no Brasil a tratar do assunto é a recente tese de Oliveira (a aparecer), intitulada “O Processamento da Assimetria Sujeito-Objeto e a Hipótese da Assimetria como Terceiro Fator”. O tema merece, portanto, ser objeto de pesquisas e debates no rol de discussões no âmbito das comemorações pelos 100 anos da UFRJ, bem como de outros espaços de produção de conhecimento na área de Letras/Linguística. Por isso, propõe-se esta comunicação oral, a fim de amadurecer o debate sobre o tema e de acumular massa crítica a respeito, que permita avanços sobre a compreensão da linguagem humana. PALAVRAS-CHAVE: Terceiro Fator, Faculdade da Linguagem, Noam Chomsky, Biolinguística