Projeto Laços & Nós: A possibilidade de uma clínica psicanalítica a partir do trabalho com os usuários em oficinas de geração de renda

O projeto de extensão (Geração de Renda IP – IPUB/ HD – CAD) resulta da parceria entre o Instituto de Psicologia da UFRJ e o IPUB. O trabalho, realizado junto às oficinas de culinária e bijuteria já existentes no Centro de Atenção Diária, resultou no Projeto Laços e Nós, realizado por pacientes, técnicos e alunos. A oficina de culinária produz doces como biscoitos, palha italiana e brownie, enquanto a oficina de bijuteria produz brincos, colares e pulseiras. Toda a produção, feita pelo trabalho dos próprios usuários, é colocada à venda. Da renda obtida, uma parte é direcionada para a compra de materiais e outra parte retorna aos participantes. Nosso projeto de extensão é orientado pela psicanálise, portanto entendemos que na psicose o sujeito fica excluído das formas usuais de enlaçamento social. Isto se dá devido a uma operação foraclusiva na fundação do sujeito, porém vale ressaltar que essa foraclusão não aponta para uma constituição deficitária do psicótico, uma vez que apostamos no trabalho como um meio pelo qual se torna possível um singular enlaçamento – ainda que protético – desses sujeitos ao social. Mais do que a tentativa de promover pelas oficinas uma substituição de um emprego formal, entendemos que o trabalho a ser realizado é um trabalho de elaboração. A tentativa de inclusão, neste sentido, não busca a adaptação dos usuários às exigências da sociedade, mas visa dar lugar a isso mesmo que comparece, no social, como diferença em sua radicalidade. Se é possível pensar na inclusão, trata-se de uma inclusão pela própria singularidade, à medida em que uma singularidade se deixa incluir. A tentativa da construção deste laço supõe fundamentalmente a presença dos extensionistas dentro das oficinas, trabalhando junto aos usuários e proporcionando um espaço para a escuta e recolhimento de tudo aquilo que não tem lugar e que, em momentos críticos, tornaria impossível o funcionamento do trabalho de modo regular. Construir essa prótese aponta também para além do trabalho nas oficinas. É por isso que o projeto conta com uma série de práticas que visam a divulgação e tentativa de inscrição de um lugar para esses sujeitos que não têm lugar. Dentre essas atividades, destacamos: a criação de um nome para o projeto, um banner para a participação em diversos eventos, a divulgação via Facebook de nossas atividades, circulação dos usuários pelo campus através das vendas, etc. Entendemos que essas práticas são fundamentais para a inscrição, sempre vacilante, desses sujeitos no mundo. É vital destacar, sobretudo, a participação de todos os integrantes – incluindo os usuários – no planejamento e execução das diversas atividades citadas. Esperamos com o andamento de nosso trabalho, a constante consolidação desse lugar, com a ampliação do número de usuários nas oficinas, uma maior participação em eventos, e o estabelecimento de novas parcerias com cantinas, bares, restaurantes, brechós, entre outros