POLÍTICAS INTERSETORIAIS DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA URBANA JUNTO ÀS POPULAÇÕES EM SITUAÇÃO DE RUA

A pesquisa “Políticas Intersetoriais de Prevenção à Violência Urbana junto às Populações em Situação de Rua” possui caráter de pesquisa qualitativa e participante e tem como objetivo compreender as políticas públicas existentes na cidade do Rio de Janeiro para as populações em situação de rua, quais os principais aparelhos do Estado voltados para atender às suas demandas e em que condições operam. Procura também compreender, entendendo que estas populações se encontram em condição de vulnerabilidade social (VARANDA E ADORNO, 2004), que estratégias de sobrevivência são capazes de criar ao viverem nas ruas. Para tal, procuramos compreender o processo de formação do Movimento Nacional de População de Rua (MNPR). O processo investigativo sobre a formação deste movimento consiste em pontuar os desafios de articulação destas populações e evidenciar que elementos lhe são essenciais para que possam se identificar como parte de um movimento coeso e articulado pelo interesse comum.Os seguintes procedimentos metodológicos foram adotados: 1. Análise de dados secundários e levantamento bibliográfico, 2. Observação participante no Fórum de População Adulta em Situação de Rua do Estado do Rio de Janeiro, 3. Observação participante durante o campo de estágio em Assessoria a Movimentos Sociais, realizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Ações para Cidadania (NIAC), voltado para o MNPR – RJ, que contou com estagiários da turma de serviço social PRONERA, e 4. Observação participante durante o campo de estágio em curso na Redes de Desenvolvimento da Maré, atendendo os moradores da cena de consumo de crack localizada no Parque Maré. Verifica-se que as políticas públicas para a população em situação de rua baseiam-se em criar espaços de referência para este público; não parece haver políticas de inclusão em espaços já existentes. Compreende-se, também, que algumas especificidades da cidade do Rio de Janeiro contribuem para potencializar a dificuldade de articulação e organização já existente entre pessoas que vivem na rua. Políticas de remoção, falta de preparo por parte de profissionais da segurança pública para o trato com estas populações, abordagens noturnas com equipes montadas especialmente para isto, denunciam que as populações em situação de rua são tratadas como um distúrbio na ordem que deve ser corrigido. A consonância com a população civil, que majoritariamente também possui um olhar que marginaliza estas pessoas (Wacquant, 2015) pressiona os órgãos públicos para a execução de tais políticas discriminatórias e tornam este público alvo sujeito a todos os tipos de violações de direitos.Referências bibliográficas:VARANDA, Walter; ADORNO, Rubens C. F. Descartáveis urbanos: discutindo a complexidade da população de rua e o desafio para políticas de saúde. Publicado em: Saúde e Sociedade v.13, n.1, p.56-69, jan-abr 2004.WACQUANT, Loïc. Punir os pobres - a nova gestão da miséria nos estados unidos. Rio de Janeiro: Revan, 2015