A Reinserção de Crianças em Tratamento Oncológico no Ambiente Escolar

O tratamento do câncer é rodeado de situações incômodas como a dor, o sofrimento gerado pela perda da rotina criada pela criança, a necessidade de sair da escola, as idas frequentes ao hospital e o afastamento dos familiares. Os procedimentos, muitas vezes, invasivos acarretam alterações no corpo das crianças, que apresentam edemas, náuseas, alopécia, vômitos, fadiga, febre e também alterações emocionais (INCA, 2014). Dentro desse contexto encontra-se o Projeto Brincante, que atua na sala de espera dos ambulatórios, nas enfermarias e na quimioteca Aquário Carioca do IPPMG-UFRJ.A origem do tema se deu em nossa observação participante, além de relatos de crianças e seus familiares, sobre a privação do ambiente escolar, em consequência da hospitalização. Instigados por esse fato, buscamos investigar como se opera o retorno à escola das crianças em tratamento oncológico, ou seja, como ocorre a reinserção das mesmas nesse espaço.Com suporte nos depoimentos coletados, foi realizado um levantamento qualitativo com os responsáveis e crianças, que através do seu brincar, traduzem de forma simbólica o mal estar imposto pela doença. Buscamos identificar as principais mudanças ocorridas, na criança, durante o afastamento do ambiente escolar, assim como seu retorno com depoimentos da equipe escolar. Como resultado parcial, inferimos que as referidas crianças apresentam, em alguns aspectos, um maior grau de amadurecimento comparado aos outros alunos. Este fato fica evidenciado pelo enriquecimento do vocabulário, incluindo termos médicos. Entretanto, a privação de algumas atividades escolares pode acarretar a repetência. Orientados por Cohen e Melo (2010, p.313) acreditamos que "A escolaridade das crianças com câncer se insere na mentalidade inclusiva, difundida no mundo ocidental, voltada não só para crianças com algum tipo de deficiência orgânica ou mental, mas também para grupos excluídos do processo formal de aprendizagem”. Concluímos que as escolas precisam fazer adaptações para realizar o acolhimento às crianças acima referidas, além de modificações curriculares, que incluam uma orientação a distância e interação com os professores da classe hospitalar. Acreditamos que o apoio de equipes técnico-pedagógicas e de profissionais capacitados, para atender os alunos com doenças oncohematologicas, poderá minimizar os efeitos do fracasso escolar, acima citado, e entender como um ganho o crescimento do vocabulário dessas crianças, assim como o amadurecimento emocional, fatores importantes encontrados em nossa pesquisa.Referências- COHEN, Ruth Helena Pinto; MELO, Amanda Gonçalves da Silva. Entre o Hospital e a Escola: O câncer em crianças. Estilos da Clínica, 2010, v.15, n. 2, p. 306-325.-INCA (Instituto Nacional do Câncer) Tipos de Câncer: Infantil. Disponível em:http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/infantilAcesso em: 21 Out. 2014