A sexualidade adolescente no cumprimento da medida socioeducativa de internação

O presente trabalho é resultado do projeto de extensão “Parcerias – adolescentes em conflito com a lei”, que adota o método cartográfico originalmente proposto por Deleuze e Guattari. O dispositivo de pesquisa são encontros em grupo, tanto com os adolescentes quanto com os agentes socioeducativos de uma unidade de internação masculina do DEGASE. A partir de tais atividades, diários de campos são confeccionados e esse registro serve como material de análise. Nos diários é que percebermos as dificuldades no trato do tema da sexualidade pelos adolescentes, que ainda o consideram como um tabu, e pela equipe dirigente da unidade (técnicos e agentes socioeducativos), que não o tratam como prioridade a ser abordada e explorada. De acordo com o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, (SINASE, lei 12.594/2012), a visita íntima é direito dos adolescentes internados em instituições socioeducativas. Segundo o art. 68, a visita é possível caso seja comprovada uma relação estável. Além disso, a lei prevê outros direitos ligados à sexualidade, como a garantia de atenção à saúde sexual e reprodutiva (art. 60) e o direito dos adolescentes que cumprem medida de internação de não serem discriminados por sua orientação sexual (art. 35). No Departamento Geral de Ações Socioeducativas do Estado do Rio de Janeiro (DEGASE-RJ), porém, esses direitos não são, em sua maioria, garantidos. Para trabalhar essa problemática, vamos acessar outros olhares através dos profissionais da instituição. As perguntas colocadas se refazem e se aglutinam em uma única questão: qual é a percepção e a compreensão dos funcionários inseridos no sistema socioeducativo a respeito do exercício da sexualidade pelos adolescentes em privação de liberdade? Percebemos que é um assunto pouco comentado pelos profissionais, portanto, pretendemos realizar um estudo exploratório do campo, visando uma primeira aproximação com essa temática, para mapear as forças presentes. Utilizamos como dispositivo para alcançar a temática da sexualidade entrevistas semi-semiestruturadas, que foram realizadas com profissionais das diferentes áreas dentro da instituição: equipe técnica (psicóloga, pedagoga, assistente social), agente socioeducativo e professor(a) da Escola Estadual que funciona no interior da unidade. Através do manejo cartográfico das entrevistas, pudemos inferir quais são as percepções, impasses e dificuldades que os profissionais experienciam em relação à sexualidade dos adolescentes. Palavras-chaves: socioeducação; adolescentes; sexualidade.