Arquitetura e evolu??o tectono-metam?rfica da Sali?ncia do Rio Pardo, Or?geno Ara?ua?, MG.

Programa de P?s-Gradua??o em Evolu??o Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.O Or?geno Ara?ua?, localizado no sudeste do Brasil, representa a maior por??o do sistema orog?nico Brasiliano/Pan-Africano Ara?ua?-Congo Ocidental (AWCO), desenvolvido no embainhamento entre os cr?tons do S?o Francisco e Congo durante a amalgama??o do Gondwana Ocidental. O Or?geno Ara?ua? pode ser dividido em duas por??es principais: o n?cleo cristalino, que abrange as rochas de alto grau metam?rfico e gran?ticas, e um cintur?o metam?rfico externo, a Faixa Ara?ua?. A Faixa Ara?ua? descreve ao longo da margem sudeste do Cr?ton do S?o Francisco uma grande curvatura antitaxial, isto ?, cuja convexidade fica voltada para a regi?o de antepa?s, denominada Sali?ncia do Rio Pardo. Embora estudada ao longo de seu segmento externo, na conex?o com o Aulac?geno do Paramirim, sua por??o interna permanece um dos setores menos investigados do or?geno. No presente estudo, s?o proporcionadas novas informa??es sobre a Sali?ncia do Rio Pardo em termos de composi??o estratigr?fica, arcabou?o estrutural e condi??es tectono-metam?rficas sob as quais se desenvolveu. Geneticamente, a Sali?ncia do Rio Pardo pode ser vista como uma curva primitiva controlada essencialmente pela Bacia Maca?bas. Circundada por blocos de embasamento arqueanos/paleoproterozoicos, as unidades estratigr?ficas que a preenchem s?o, da base para o topo: (i) o Supergrupo Espinha?o (Estateriano ao Toniano), (ii) o Grupo Serra do Inha?ma (Toniano), (iii) o Grupo Maca?bas (forma??es Nova Aurora e Chapada Acau?, Toniano-Criogeniano), (iv) o Complexo Jequitinhonha (Criogeniano-Ediacarano), e (v) a Forma??o Salinas (Ediacarano). A Bacia Maca?bas ? invertida durante as tr?s fases de deforma??o colisionais do or?geno, resultando em uma linha de frente orog?nica sinuosa e complexa. As fases de deforma??o D1 e D2 s?o coaxiais e resultam em uma cunha de dupla verg?ncia, com transporte tect?nico em dire??o ao cr?ton e em dire??o ?s por??o internas, bem marcada na regi?o de charneira da sali?ncia. Os tra?os estruturais desta fase perfazem toda a curvatura, variando de N-S no flanco oeste, em torno de E-W na charneira, e WNE-ESE a NW-SE no flanco leste. A fase D3 materializa o encurtamento final de dire??o WNW-ESE atrav?s de estruturas de dire??o aproximadamente N-S a NNW-SSE na zona de charneira da sali?ncia. Localmente a interfer?ncia entre as fases D1/D2 e D3 gera padr?o de redobramento em domo-e-bacia. A fase D4 ? representada por estruturas de grande escala, como a Zona de Cisalhamento Chapada Acau? e a Zona de Cisalhamento Tingui, e pela reativa??o normal-sinistral da Zona de Cisalhamento de Itapebi. Essas estruturas s?o, de uma forma geral, respons?veis pela justaposi??o de unidades de n?veis crustais diferentes. O est?gio colisional (fase D1 e D2) ? assistido por um metamorfismo Barroviano, passando pelas zonas da clorita, biotita, granada, estaurolita, cianita e sillimanita, cujo pico ? datado entre 560-575 Ma. No est?gio p?scolisional (fase D4) ocorre um segundo evento metam?rfico regional de baixa press?o (do tipo Buchan), cujas assembleias p?s-cinem?ticas passam pelas zonas da biotita, granada, estaurolita, andaluzita, cordierita e sillimanita, em um evento em c. 525-530 Ma. No flanco leste da sali?ncia, a ocorr?ncia de zonas de alto grau (f?cies anfibolito alto a granulito), representadas pela assembleia Crd + Sil + Kf ? Grt ? Bt, possivelmente est? relacionada ? descompress?o em temperaturas elevadas (posterior ao evento metam?rfico Barroviano) ou ao metamorfismo p?s-colisional de baixa press?o em temperaturas elevadas. Os dados levantados levam ? seguinte proposi??o de evolu??o tect?nica para a Sali?ncia do Rio Pardo. Durante a fase de abertura, o depocentro da Bacia Maca?bas se desenvolve pr?ximo ? por??o central da sali?ncia. O in?cio do rifteamento ? respons?vel pela deposi??o do Grupo Serra do Inha?ma na base, sendo seguida pela deposi??o das por??es intermedi?ria e superior do Grupo Maca?bas. No est?gio colisional, as fases principais de deforma??o s?o respons?veis pela forma??o de uma cunha de dupla verg?ncia, bem marcada na zona de charneira. Essa dupla verg?ncia ? resultante possivelmente da presen?a de dois anteparos: um deles inclinado representado pelos blocos de embasamento paleoproterozoicos (por??o externa do arco) e o outro suave, que seria o arco magm?tico (por??es internas do or?geno). Ao longo da frente orog?nica, o transporte tect?nico ocorre de maneira centr?fuga em dire??o ao cr?ton. Neste est?gio, em c. 560-575 Ma, a Forma??o Salinas se deposita e as unidades experimentam metamorfismo Barroviano. O espessamento crustal resulta na fase de colapso extensional, resultando no desenvolvimento das zonas de cisalhamento normais regionais. Esta fase ? respons?vel por afinamento crustal, intrus?o de pl?tons e ascens?o das isotermas, que se materializa em um segundo evento metam?rfico regional de baixa press?o h? c. 530-525 Ma.The Ara?ua? orogen, located in southeast of Brazil, represents the largest portion of the Brasiliano/Pan- African Ara?ua? West Congo orogenic system (AWCO), and corresponds to an embayment formed by the S?o Francisco-Congo craton during the Western Gondwana amalgamation. The Ara?ua? orogen can be divided into two main sectors: the crystalline core, comprising high-grade rocks and granitic units, and the external metamorphic Ara?ua? belt. The Ara?ua? belt describes a large antitaxial curve along the southeastern boundary of S?o Francisco craton, i.e. convex to the foreland curve, named the Rio Pardo salient. Studied in its outer segment, in contact with the Paramirim aulacogen, its inner portion remains as one of the least investigated sectors of the orogen. In the current study, new data about stratigraphic constitution, structural framework and tectono-metamorphic conditions of the curvature are presented. Genetically, the Rio Pardo salient can be viewed as a basin-controlled primary curve, resulting mainly from the Maca?bas basin geometry. Circumscribed by Archean/Paleoproterozoic basement blocks, the supracrustal units involved in the basin filling corresponds to: (i) the Espinha?o Supergroup (Sthaterian to Tonian), (ii) the Serra do Inha?ma Group (Tonian), (iii) the Maca?bas Group (Nova Aurora and Chapada Acau? formations, Tonian-Criogenian); (iv) the Jequitinhonha Complex (Cryogenian- Ediacaran), and (v) the Salinas Formation (Ediacaran). The Maca?bas basin is inverted by three collisional deformation phases, resulting in a sinuous and complex leading edge. D1 and D2 deformation phases are coaxial and result in a bivergent wedge, with vergences cratonward and towards the inner sectors of the orogen. The structural traces follow the curvature, varying from N-S on the western limb, around E-W on the hinge zone, and WNW-ESE to NW-SE on the eastern limb. D3 phase records the final WNW-ESE shortening, and is represented by N-S oriented structures in the hinge zone. Locally, the interference between D1/D2 and D3 phases results in dome-and-basin refolding pattern. The final D4 phase is represented by normal-sense large-scale structures as the Chapada Acau? shear zone, the Tingui shear zone and the normal-sinistral reactivation of the Itapebi shear zone. Overall, these structures juxtapose rocks of different crustal levels along the northern portion of the orogen. The collisional stage (D1 and D2 phases) are assisted by a Barrovian metamorphism, including the chlorite, biotite, garnet, staurolite, kyanite and sillimanite zones, which peak is dated around 560-575 Ma. During the postcollisional stage, at c. 530-525 Ma, a second Buchan-type metamorphism took place, represented by the biotite, garnet, staurolite, andalusite, cordierite and sillimanite zones. In the eastern limb, the occurrence of high grade zones (amphibolite to granulite facies), represented by the assemblage Crd + Sil + Kf ? Grt ? Bt, is possibly related to the decompression at high temperatures (post-Barrovian metamorphism) or to the Buchan-type post-collisional metamorphic event. The integrated data led to the following proposition for the Rio Pardo salient tectonic evolution. By the time of Maca?bas basin opening, the depocenter develops near the internal portion of the salient. The early rifting phases are responsible for the deposition of Serra do Inha?ma group, followed by the rifting episodes that led to the Maca?bas Group deposition. During the collisional stage, the main deformation phases result in a bivergent wedge inversion. This structural pattern resulted possibly from the presence of a steeply dipping basement block, on one side, and the shallow dipping magmatic arc, on the other, that acted as butress to the propagation of deformation. Along the leading edge, structures are cratonward vergent. At this time, c. 575-560 Ma, the Salinas Formation is deposited and rocks undergo Barrovian metamorphism. Crustal thickening leads to the extensional collapse. This event trigger the development of regional normalsense shear zones, crustal thinning, pluton intrusions and raise of geotherms, associated to a late low pressure regional metamorphism developed at c. 530-525 Ma