Este ensaio analisa o romance Como se estivéssemos em palimpsesto de putas, de Elvira Vigna (2016). Nosso principal objetivo é investigar como a autora, à semelhança de uma artesã, tece a matriz da personagem principal, Lola, pelo avesso da de João, pretenso protagonista cujas histórias são narradas pela voz irônica e ambígua de uma narradora-personagem da qual não conhecemos muito bem as intenções. A figura masculina opressora é desvelada em sua voracidade de consumo sexual e sua fragilidade emocional. Como um palimpsesto, a ressubjetivação de Lola -- uma espécie de amálgama da luta pela emancipação da mulher -- não pode ser escrita a partir do zero, pois é a partir de suas experiências, adquiridas através de um longo e doloroso processo d...