O sujeito lírico voyeur que se configura nos poemas abordados neste artigo tem ciência de que realidade e autenticidade são produtos da linguagem. Ao transformar a ação em representação, valoriza a imagem e a experiência de olhar como catalisadores do processo de construção de sentidos e, ao inventariar um conjunto de referências compartilhadas, permite a abertura de um canal de comunicação com o leitor. Implode-se a fronteira entre real e imaginário e o sujeito do poema multiplica-se, abre-se para mais possibilidades do que permitiria a dicotomia que opõe mundo e linguagem. Apesar de assumir o prazer de olhar o outro, essa lírica não se furta a manter sua relação com o mundo: através do trabalho da imaginação, ela constrói realidades, form...