Nas mais diversas culturas, a mística ocupa um lugar estranho e essencial (para usar adjetivos de Michel de Certeau): ela está no centro de diferentes religiões, e no entanto ameaça enrijecimentos doutrinais; foi parte integrante da mentalidade antiga e medieval, e no entanto antecipou a subjetividade moderna. No conflito entre fé e razão, tradição e modernidade, doutrina e esclarecimento, racionalidade e irracionalidade, otimismo e niilismo, metafísica e crítica, as diferentes manifestações da mística dentro e fora do Ocidente não permitem caracterizações fáceis e exigem considerar a sua irredutível complexidade. Seus êxtases, exercícios de desprendimento e formulações especulativas da negatividade ontológica deixaram marcas profundas na l...