O personal branding das influenciadoras e a afirmação de valores pós-feministas

Embora seja anterior ao boom das redes sociais, o conceito de self-branding ganhou uma nova força através das mesmas. De facto, esta nova era digital permitiu que pessoas comuns começassem a ganhar visibilidade que antes era reservada às celebridades. Essas pessoas que emergiram das redes sociais e conquistaram a sua própria comunidade digital tornaram- se naquilo que hoje chamamos de influenciadores digitais. Para se destacarem da concorrência e alcançarem mais visibilidade, muitos influenciadores passaram a utilizar estratégias de marca própria. Hoje a produção de conteúdo digital, mais do que uma profissão, é vista como uma iniciativa empreendedora, na medida em que os influenciadores digitais investem recursos (tempo, dinheiro, etc) na expectativa de serem recompensados. O empreendedorismo ainda é observado como algo tipicamente masculino, mas com o digital surge uma nova oportunidade para as mulheres empreenderem. Este estudo procurou perceber se a gestão da marca pessoal e a iniciativa empreendedora das influenciadoras digitais de moda, beleza e lifestyle é influenciada pelo contexto pós- feminista. Para tal, foram utilizados métodos mistos de investigação: quantitativo, através de análise de conteúdo de redes sociais de influenciadoras; e qualitativo, através de entrevistas a micro-influenciadoras. A representação da persona de marca nas carreiras criativas de produção de conteúdo é muito marcada pelo pós-feminismo. De facto, as influenciadoras digitais de moda, beleza e lifestyle são sujeitos empreendedores orientados para uma preocupação estética constante, bem como para uma autodisciplina e vigilância do seu comportamento. O consumo também está muito presente na forma como se apresentam nas suas redes sociais. Por fim, o discurso de responsabilidade individual em que cada indivíduo é inteiramente responsável pelo seu futuro é também uma marca pós-feminista deixada no modo de atuação das influenciadoras.Although it predates the social networking boom, the concept of self-branding has gained a new strength from them. In fact, this new connected digital era that people started to gain visibility that was previously reserved for celebrities. These people who emerged from social networking sites and conquered their own digital community become what we now call digital influencers. In order to stand out from the competition and achieve more visibility, many influencers started cultivating their own brand. Today the production of digital content, more than a profession, is seen as an entrepreneurial initiative, as digital influencers invest resources (time, money, etc.) in the expectation of being rewarded. Entrepreneurship is still seen as something typically masculine, but with digital there is a new opportunity for women to undertake it. This study aimed to understand if the personal brand management and the entrepreneurial initiative of the digital influencers of fashion, beauty and lifestyle is influenced by the post- feminist context. For this purpose, mixed methods of investigation were used: quantitative methods, through content analysis of social media of influencer; and qualitative methods, through interviews to micro-influencers. The representation of the brand persona in creative careers in content production is very marked by post-feminism. In fact, digital influencers in fashion, beauty and lifestyle are entrepreneurial subjects oriented towards a constant aesthetic concern, as well as towards self-discipline and surveillance of their behavior. Consumption is also very present in the way they present themselves on their social networks. Finally, the discourse of individual responsibility in which each individual is entirely responsible for their future is also a post- feminist mark evident in the performance of the influencers