Ordens do dia e educação politica : da construção a elaboração de representação coletiva

Esta tese tem como objetivo central a análise do discurso militar conservador presente nas Ordens do Dia do Ministro do Exército do Governo do General João Batista de Oliveira Figueiredo, o também General Walter Pires Carvalho e Albuquerque, no período compreendido entre os anos 1979-1985. O referido discurso incorpora princípios e concepções desenvolvidos pela Escola Superior de Guerra (ESG), a qual, por sua vez, traz em seu bojo fortes componentes da Geopolítica, arma do fascismo. O eixo teórico da tese é o conceito de representação coletiva, definido como um discurso relativamente articulado justificador de determinadas práticas coletivas, mais as referidas práticas e voltados (tanto o discurso quanto as práticas) para o estabelecimento de situações que não são dadas ao nível da realidade objetiva. A representação orienta-se para a organização do "imaginário" e das práticas referidas, concebidos não como o resultado necessário da ação racional dos homens, mas como a realização de certos valores e concepções de vida. Este é o assunto do primeiro capítulo que se integra e complementa outros três compondo o desenvolvimento do trabalho. No segundo capítulo analisamos as relações da instituição militar do Exército Brasileiro no contexto da sociedade civil brasileira, do ponto de vista histórico, a fim de explicitar as inflexões e as rupturas dos discursos e práticas políticas dos militares, sobretudo no que diz respeito à sua educação política e à construção de uma representação coletiva no interior do Exército Brasileiro. O terceiro capítulo faz uma análise dos militares à frente do Estado Brasileiro e das Ordens do Dia a partir de suas significações internas, especialmente a defesa que os militares fazem das suas razões para assumirem a gestão do Estado. O pressuposto de tal análise é o da potencialidade desse discurso para a construção de certa identidade e certa forma de ação coletiva. O quarto capítulo trata da fundamentação teórica do referido discurso a partir dos estudos de Geopolítica desenvolvidos no interior da Escola Superior de Guerra, bem como a investigação se o discurso conservador incidente sobre os subordinados militares recupera velhas imagens belicosas, de forte conteúdo mobilizador, compatibilizando-as, numa espécie de sincretismo, com as demandas político-racionais dos setores sociais hegemônicos. Dessa forma o imaginário dos militares estabelece suas conexões com a realidade concreta, tomando-se, ele próprio, um elemento real. A pesquisa que dá suporte à tese foi desenvolvida entre março de 1994 e meados de 1996, compreendendo levantamento e sistematização de informações bibliográficas e documentai