Novos rumos do trabalho : mudança nas formas de controle e qualificação da força de trabalho brasileira

Esta tese trata das importantes mudanças verificadas no perfil técnico, comportamental e político da força de trabalho como resultado da reestruturação produtiva da indústria brasileira. A análise baseia-se numa revisão de pesquisas de diversos autores, assim como em pesquisas próprias, realizadas nas décadas de 1980 e 1990, abordando seis setores industriais: automobilístico, de eletrodomésticos de linha branca, químico-petroquímico, têxtil, de calçados e de equipamentos para telecomunicações. O novo perfil técnico ou de qualificação da força de trabalho, que responde às exigências colocadas pela modernização tecnológica e organizacional do processo de trabalho, caracteriza-se por diversas formas de polivalência, pela elevação dos requisitos de escolaridade e pela associação da tradicional formação na prática com instâncias formalizadas de treinamento dentro e/ou fora da empresa. O novo perfil comportamental, aspecto mais evidente de uma reformulação das estratégias de controle no chão de fábrica, enfatiza a cooperação e o envolvimento dos trabalhadores com as metas da empresa. Enfim, o novo perfil político, evidencia uma mudança significativa nas relações de classe que foi de fundamental importância para o aprofundamento do processo de reestruturação. Um relacionamento crescentemente individualizado entre capital e trabalhadores tende a ocupar o espaço dos sindicatos, marginalizando-os. Todos esses aspectos convergem no desenvolvimento de uma nova estrutura de controle gerencial, a qual difere notoriamente daquela associada com os regimes fabris tayloristas-fordistas e assegura a subordinação do trabalho ao capital no contexto da chamada "produção flexível"This thesis focuses on the most significant changes experienced by the workforce in the technical, behavioral and political domains, as a consequence of the productive restructure of the Brazilian industry. It draws on the author' s comprehensive literature review and her own research on the evolution in the last twenty years, of six industrial sectors: automobile, white line electro-domestic, chemical-petrochemical, textile, shoe and telecommunication equipment. The technological and organizational modernization of the production process has led to the development of a new technical profile in the workforce. It is characterized by multiple-task performance, an increase in the demand for formal education and by the association of traditional learning-by-doing training with conventional instruction at an educational institution outside the factory. There is also a new behavioral profile, emphasized by the cooperation and involvement of the workers in the enterprise's goals. This new tendency is the most evident element of the control strategies adopted at fioor leveI. Lastly, the new political profile indicates a substantial shift in the class relations which has been fundamental for the deepening of the restructure processo An increasing individualization of the relationship between capital and labor tends to gain space, and consequently, the trade unions become marginalized. AlI the aforementioned aspects point towards the development of a new structure of managerial control which differs ITom that of the taylorist-fordist fabric regimes whilst securing the subordination of labor to capital in the context of the so-called flexible productio