Danos mecanicos em sementes de amendoim (Arachis hypogaea L.) colhidas em diferentes estagios de maturação

O presente trabalho teve por objetivo estudar os efeitos de danos mecânicos em sementes de amendoim (Arachis Hypogaea L.) colhidas antes do ponto de maturidade de colheita. Nessas ocasiões as sementes que ainda não alcançaram a máxima massa seca, apresentam-se com tamanhos abaixo do normal e, dispondo portanto de mais espaço livre no interior do fruto, teriam menores chances de serem danificadas durante a operação de descascamento mecânico. Foram então instalados dois experimentos, um na safra das águas (S1) e outro na safra da seca (S2), no Núcleo de Agronomia da Alta Paulista, do Instituto Agronômico (IAC), em Adamantina, SP, região esta tradicionalmente produtora dessa oleaginosa. As colheitas foram realizadas aproximadamente aos quinze (C1), sete (C2) e zero (C3) dias antes do ponto de maturidade de colheita, em cada safra. Após cada colheita as plantas foram deixadas em posição invertida para secagem ao sol e, em seguida, levadas a um galpão onde se procedeu a despinicagem, com os frutos permanecendo armazenados no mesmo ambiente por volta de 15 dias para uniformização do teor de água. Todo material foi então enviado à Unidade de Beneficiamento de Sementes do Instituto Agronômico (IAC), em Campinas, SP, onde foi realizado o descascamento manual (M1) e o mecânico (M2). As sementes assim obtidas foram submetidas, no Laboratório de Análise de Sementes do IAC, às análises de teor de água, pureza física, sementes quebradas, sementes danificadas, massa de mil sementes, granulometria (classificação por peneira), germinação e vigor. Os dados obtidos em cada experimento - safra das águas (S1) e da seca (S2) - foram analisados separadamente e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Os resultados obtidos mostraram que: a) A porcentagem de perda de sementes devido a quebraduras no descascamento mecânico mostrou uma nítida tendência de queda à medida que se antecipou a colheita, porém com diferenças significativas somente na safra da seca; b) A porcentagem de sementes danificadas diminuiu à medida que se antecipou a colheita por cerca de 15 (quinze) e 7 (sete) dias em relação à maturidade de colheita; c) O tamanho e também a massa de mil sementes apresentaram valores sensivelmente menores à medida que se antecipou a colheita; d) Na safra da seca, a antecipação da colheita em aproximadamente 15 (quinze) dias da maturidade de colheita, proporcionou a produção de alta quantidade (31,7%) de sementes demasiadamente pequenas; e) Nos dois experimentos as sementes colhidas nas três diferentes épocas não apresentaram diferenças significativas entre si com relação a germinação em laboratório; f) O teste de primeira contagem não foi eficiente para revelar qualquer diferença de vigor entre as sementes colhidas nas diferentes épocas, seja na safra das águas ou na da seca; g) O maior vigor das sementes oriundas da safra das águas e colhidas no ponto mais próximo da maturidade de colheita, resultou muito provavelmente da maior permanência e conseqüentemente maior intemperismo sofrido pelas plantas e frutos colhidos nas outras duas épocas, devido ao período chuvoso ocorrido após as colheitas; h) Na safra da seca as sementes colhidas a aproximadamente sete dias antes da maturidade de colheita apresentaram os maiores valores de vigor.The objective of this study was to estimate the effects of mechanical injuries on peanut (Arachis hypogaea L.) seeds harvested sometime before reaching field maturity. On these occasions the seeds that have not reached maximum dry weight present size below normal, so that they have more additional free space inside the pod; this leads to the understanding that less mechanical injuries are imposed on these seeds during mechanical shelling. Two experiments were then carried out during the rainy (S1) and dry (S2) seasons in a traditional peanut growing region, northwest of São Paulo State, Brazil. In each experiment harvest were done at nearly fifteen (C1), seven (C2) and zero (C3) days preceding the field maturity point. Soon after each harvest the whole plants were placed upside down for natural drying under sunlight and then carried to a storeroom where the pods were detached from the plants and left for fifteen days to homogenize the moisture content. The pods were then hand (M1) and mechanically (M2) shelled. The physical and physiological characteristics of the seeds were estimated through laboratory and field tests and the results showed that: a) the percentage of seed loss due to breakage and the percentage of damaged seeds which occurred during mechanical shelling were smaller the longer the harvests preceded the field maturity; b) the seed size and the weight of one thousand seeds were lower when the harvest preceded the field maturity by seven and fifteen days; c) on the dry season the harvest preceding fifteen days the field maturity led to the production of a high percentage (31,7%) of seeds too small in size; d) germination was about the same for the seeds from any harvest date as detected by the germination test in the laboratory; e) the first count of the germination test was not effective to detect differences in vigor for the seeds harvested at the tree different dates; f) the seeds from the rainy season (S1) harvested at the nearest point of the field maturity showed higher vigor, but this could be attributed to the fact that the seeds from the other two harvest dates remained in the field for a longer period and consequently for a longer weathering imposed by the rainy weather; g) in the dry season the seeds harvested at about seven days before reaching the field maturity showed the best values for vigor