O ensino da enfermagem

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.O presente trabalho é um estudo de caso que busca responder a questão: qual a relação com o saber é construída pelas alunas durante o ensino de graduação de enfermagem. Considerando que a relação com o saber é uma relação de sentido e, portanto, de valor que um individuo, ou grupo, estabelece com os processos de aprendizagem e seus produtos (Charlot, 2000), torna-se clara sua importância para o exercício profissional. O ensino de enfermagem apresenta como uma de suas características básicas utilizar as atividades práticas, especialmente as desenvolvidas nas instituições de saúde, como forma de ensinar e aprender. Portanto, durante a graduação, as alunas convivem com diferentes sujeitos, professoras, enfermeiras, membros da equipe de saúde, pacientes, que participam, de forma explícita ou implícita, na sua formação. Partindo do pressuposto que toda aprendizagem acontece na interação entre os sujeitos, assim como a relação com o saber, e que a comunicação tem um papel central neste processo, foi realizada a observação participante de alunas e professoras do primeiro, terceiro, quinto e oitavo semestre de um curso de graduação em enfermagem nos diferentes espaços acadêmicos (sala de aula, laboratório e instituições de saúde). As observações realizadas foram registradas em um diário de campo e consideradas como texto para fim de análise a qual foi iniciada durante o processo de coleta e orientada pela hemenêutica-dialética, tomando como referência a teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas e a concepção de relação com o saber, de Bernard Charlot. A análise de dados apontou quatro categorias: a imagem e o imaginário; o espaço e tempo de ensino-aprendizagem; o mundo da vida da enfermagem; o solitário trabalho coletivo. Estas categorias são complementares, se imbricam tecendo um mundo da vida do ensino de enfermagem que privilegia uma relação com o saber caracterizada como imbricação do eu, na qual o que tem sentido é passar do não domínio ao domínio de uma atividade engajada no mundo. A linguagem mostra-se como aspecto fundamental na construção deste mundo da vida e o uso da ação estratégica é percebido no que é dito e, sobretudo, no que é silenciado, favorecendo a compreensão da realidade como dada, imutável. É sugerida a importância de buscar uma ação comunicativa entre as participantes do ensino-aprendizagem de forma a fortalecer outras relações consigo mesmas e com o mundo, portanto com o saber, tornando-as mais capazes de nomear a si mesmas e seu saber