Os gêneros do discurso na clínica fonoaudiológica: um estudo de caso

http://dx.doi.org/10.5007/1984-8420.2008v9n1p39 A problemática em torno da aprendizagem da leitura e escrita, sob nosso ponto de vista, reflete um fenômeno social. A escola, pautada em uma concepção autônoma de letramento, termina por inserir seus sujeitos em práticas de leitura e escrita pouco significativas e, em vista disso, os distúrbios de linguagem são constituídos. Assim, ao tomarmos a teoria de gêneros do discurso como objeto terapêutico preconizamos que, através das relações de sentido que tal teoria supõe, possamos reverter o quadro de instabilidades decorrentes de relações sofríveis com a escrita. O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo de caso de terapia fonoaudiológica centrada na teoria bakhtiniana de gêneros. A pesquisa deteve-se na aplicação de uma proposta didática, relacionada ao gênero crônica, a um grupo de três adolescentes em curso terapêutico (encaminhados pela escola por apresentarem “distúrbios” de escrita). Foram necessárias dez sessões de atendimento para que o processo fosse finalizado[1]. Desse modo, seguindo o método proposto por Bussarello[2] (2004), utilizamos três sessões para as leituras-entretenimento das crônicas selecionadas; mais quatro sessões para a etapa das leituras analíticas do gênero; e, por fim, outras três sessões para a produção das crônicas pelos pacientes, incluindo os processos de revisão e reescritura. Os resultados levam a crer que os adolescentes conseguiram produzir textos adequados ao gênero em questão. As estratégias para causar o impacto no leitor é que balizaram todo o procedimento de produção textual, sendo as questões formais e textuais requeridas como um suporte para a concretização da intenção discursiva dos sujeitos. [1] Referimo-nos ao gênero específico crônica. Obviamente, o processo terapêutico como um todo engloba o trabalho com outros gêneros. [2] Na realidade, fizemos uma transposição de método, com adaptação para o contexto terapêutico