Ensino médio EJA, currículo e culturas juvenis

O presente estudo abordou relações constituídas (ou não) entre o trabalho pedagógico propos-to junto a alunos que cursam o Ensino Médio EJA e suas identidades culturais, sendo este o seu tema: Ensino Médio EJA, currículo e culturas juvenis. Buscou-se evidenciar as responsa-bilidades próprias a uma educação que se quer comprometida com o “empoderamento (em-powerment) político” desses educandos. Ademais, pretendeu-se melhor compreender o signi-ficado de uma ação educacional que percebe o aluno para além da realidade de sala de aula, considerando as culturas que estão em jogo na escola. Convém destacar que a identidade cul-tural dos alunos de Ensino Médio EJA é constituída por infinitas relações, tais como as que eles estabelecem com a comunidade onde moram, com os lugares que frequentam, com as roupas que usam, com o cansaço habitual e com outras tantas características que, no ambiente escolar, por ser um ambiente de socialização, se mostram. Este trabalho envolveu a aplicação de um questionário com perguntas fechadas e abertas a alunos de uma escola da rede pública estadual de ensino, localizada na região central da capital gaúcha, e leitura de documentos que tematizam tanto o currículo da EJA quanto o Ensino Médio e as culturas juvenis, correspon-dendo a uma pesquisa quanti-qualitativa do tipo Estudo de Caso. Tal questionário incluiu questões relacionadas às matrizes culturais e às experiências (extra)escolares a partir das quais os educandos se significam. As questões de pesquisa propostas estabeleceram relação direta com inquietações surgidas no período de Estágio do pesquisador (2013/02): o trabalho peda-gógico desenvolvido junto a alunos que frequentam o Ensino Médio EJA estabelece (ou não) relações com os conteúdos da vida desses sujeitos? Suas identidades culturais são considera-das? O que as atividades planejadas pelos professores levam em conta? Elas acolhem os edu-candos em suas características e em seus gostos? O objetivo desta pesquisa envolveu, preci-samente, a compreensão e a análise das relações entre o ensinar e o aprender na Educação de Jovens e Adultos no Ensino Médio, desde uma perspectiva de acolhimento das culturas a par-tir das quais os educandos se fazem sujeitos de sua história, com incentivo na sua formação mais do que apenas na obtenção do diploma. Portanto, a proposta envolveu investigar essas relações e as mediações exercidas para que os sujeitos se constituam como sujeitos de auto-nomia. Decorreram, assim, das opções feitas para esta investigação, e das impressões e apren-dizagens relacionadas ao Estágio, a escolha de Henry Giroux, Paulo Freire, Boaventura de Sousa Santos, Juarez Dayrel e Paulo Carrano como os autores nos quais buscaram-se subsí-dios teóricos. Este trabalho permitiu reconhecer o tempo e o espaço escolares como “lugares” cheios de possibilidades. Foi possível elaborar reflexões sobre singularidades dos alunos e dos profissionais da educação, identificando relações e contradições que cruzam o espaço escolar. O Ensino Médio EJA é designado, no discurso, como espaço de democratização das culturas juvenis, conquanto, na prática, ainda se percebam traços de um espaço voltado também à re-produção da estrutura social