Um olhar sobre o poder disciplinar narrado em um diário de classe : a disciplina (não) funciona?

Na perspectiva dos Estudos Culturais pós-estruturalistas, este trabalho analisa algumas práticas disciplinares narradas no Diário de Classe da pesquisadora, referente ao período de estágio do curso de Pedagogia, junto a uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental. Busca-se localizar e analisar as relações de poder disciplinar nelas engendradas, tentando responder à questão: Por meio de quais estratégias se materializa o poder disciplinar nas práticas pedagógicas narradas no Diário de Classe do meu estágio de docência? A pesquisa configura-se como uma análise cultural, ancorada nos conceitos de disciplina, poder e sujeito inspirados em Michel Foucault. São pressupostos que a disciplina é uma construção sócio-cultural e que as práticas pedagógicas são, sempre, envolvidas em relações de poder. A produção dos dados empíricos deu-se pelo recorte de excertos do Diário de Classe que versavam sobre disciplina. O bloco analítico está dividido em três eixos, quais sejam, o disciplinamento como parte do currículo, tecnologias do disciplinamento e tecnologias do eu e a produção do autocontrole. Os achados indicam que a indisciplina pode ser uma forma dos alunos exercerem poder, ou seja, uma das complexidades que caracterizam as relações de poder na sala de aula. Uma possível resposta para a questão de pesquisa é que o poder disciplinar se materializou de diversas formas e funcionou, mas isso não garantiu a disciplina na escola