A terceira margem (ou A vingança de Nael) : aspectos do romance Dois irmãos, de Milton Hatoum

O presente trabalho tem por objetivo acompanhar a trajetória narrativa do narradorpersonagem Nael, na obra Dois irmãos (2006), de Milton Hatoum, na busca da identidade paterna. Com uma narrativa marcada por esta dúvida, Nael está situado no meio de confluências culturais: da cultura indígena (a materna), da cultura libanesa (da família paterna), da cultura manaura e da cultura brasileira. Partindo de uma análise materialista da obra, com a idéia da história do Brasil como plano secundário, percorrendo o foco narrativo e a retórica, passando pelas "leituras novo-mundistas" e de "povos-novos" e discutindo a identidade paterna do narrador, podemos chegar à idéia de Nael como uma protocélula, o início de uma nova era. É o sobrevivente da família, que lhe deixou como legado a arte da escrita, podendo ser comparado à civilização brasileira, que tem como protocélula da relação indígena-português, que deu origem a algo nem indígena, nem português, que marca o início de um povo-novo como o Brasil