O presente artigo tem por objetivo interpretar o contexto no qual se insere a famosa anotação 12[1], na qual Nietzsche teria esboçado não só uma dissenção com a metafísica da música de Schpenhauer, mas, sobretudo, uma nova concepção de linguagem, agora não mais enquanto elemento mediador da expressão, pela arte, do “em si” do mundo. Para tanto, pretendemos mobilizar alguns argumentos presentes não apenas no material póstumo do jovem Nietzsche (o assim chamado Nachlass), mas também na sua primeira obra, O Nascimento da Tragédia, perseguindo assim três tópicos temáticos: (i) a relação entre música e representação em torno do conceito de “ideia poética”; (ii) a vontade como “objeto” da música, a fim de caracterizar a dissensão “não publicada” ...